Neste caso temos matérias que falam de implantes de tronco cerebral ou tronco encefálico.
A reportagem da Folha cujo link colocamos a seguir trata de uma menina que nasceu sem os nervos auditivos, caso em que aparelhos auditvos ou implante coclear não teriam nenhum efeito...
http://f5.folha.uol.com.br/humanos/1148176-menina-que-tem-ouvido-bionico-fala-primeira-palavra-mamae.shtml
No Brasil:
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/bem-estar/noticia/2012/05/menino-de-joinville-que-nasceu-surdo-passa-por-cirurgia-inedita-no-brasil-e-comeca-a-ouvir-3766829.html
KARINA SCHOVEPPER
Foto: Leo Munhoz / Agencia RBSKarina Schovepperkarina.schovepper@an.com.br
Basta um barulho diferente para que o pequeno Bruno dos Anjos, três anos,
percorra os olhos por toda a sala em busca da origem do som. E sempre que
Se não fosse pelo aparelho colocado ao redor da orelha, camuflado pelos
vastos cabelos pretos, ninguém notaria que o menino tem uma singularidade
- ele nasceu surdo. Bruno é uma criança como todas as outras. Adora passar
horas jogando no computador, vai à creche todos os dias e tem energia
de sobra para correr e brincar. Mas ainda não fala. Por enquanto, pronuncia
alguns sons.
Foi somente há oito meses que conseguiu ouvir pela primeira vez e ficou
encantado com a novidade. O procedimento que fez Bruno finalmente
conhecer o som do mundo foi o implante auditivo de tronco encefálico.
Trata-se de uma cirurgia feita para a colocação de eletrodos para
estimulação elétrica do som, implantados no núcleo coclear, e um
receptor por baixo da pele da cabeça.
A prótese tem como objetivo restaurar a função auditiva de crianças
como Bruno, que nasceram sem o nervo auditivo. A cirurgia foi
realizada pelo neurocirurgião Andrei Koerbel, em junho do ano
passado, no Hospital Dona Helena, em Joinville, e foi a primeira
realizada em crianças no Brasil.
Após o procedimento, que demorou cerca de 10 horas, o eletrodo
permaneceu desligado por dois meses para se adaptar e fixar no local.
Segundo o médico, esta prática é comum em países da Europa.
— O implante era usado em pacientes adultos com tumores, mas
profissionais italianos descobrirem que podia ser aplicado em
crianças, com resultados muito superiores — conta.
Koerbel explica que a cirurgia precisa ser feita antes dos quatro
anos, período em que o núcleo auditivo do tronco cerebral ainda
pode ser estimulado. O neurocirurgião relata que o percentual
de audição de pacientes que receberam este tipo de implante
varia de 40% até 100%.
— Depende de cada paciente e é um resultado a longo prazo. Não
temos como saber o resultado que ele terá — fala.
A cada dois meses, um especialista vem de São Paulo mudar a
programação do aparelho e tentar estimular ainda mais a audição
de Bruno. Cabe aos pais fazer essa avaliação.
— Como estimula não apenas a audição, com uma das mudanças, ele
começou a piscar muito e ter coceira nos olhos — lembra a mãe,
Franciele de Farias, 29 anos.
Depois de identificar a programação ideal para o menino, o acompanhamento
deverá ser menor - uma vez por ano.
— A recuperação está nos surpreendendo. Por isso, é importante divulgar,
para que pais na mesma situação tenham acesso a essa possibilidade —
afirma Koerbel.
Batalha antes de cirurgia durou dois anos
Mas até a cirugia finalmente acontecer, os pais, Giovane dos Anjos e
Franciele de Farias, enfrentaram uma longa batalha que durou dois anos.
A descoberta de que Bruno não reconhecia os sons aconteceu quando ele
tinha seis meses. Foi a avó, mãe de Giovane, que alertou os pais. Mas eles
não quiseram acreditar.
— É difícil aceitar que o nosso filho tem algum problema. Eu ficava até braba
quando alguém dizia que ele era surdo — conta Franciele.
Foi por meio do BERA (exame que avalia a audição), encaminhado
por um otorrinolaringologista, que os pais souberam que ele não ouvia. Com o
resultado em mãos, a família foi a São Paulo, onde, após uma ressonância,
descobriu que o menino havia nascido sem os nervos auditivos. A avaliação
dos médicos era que nada podia ser feito.
— Voltamos sem esperanças, mas mesmo assim não desisti e resolvi pesquisar
melhor — lembra a mãe.
Foi quando Franciele descobriu o neurocirurgião Andrei Koerbel, que mudou o
futuro de Bruno. A vitória do pequeno é exemplar. Ele não teria conseguido o
implante se não fosse a obstinação dos pais. Foram dois anos de luta até o plano
de saúde liberar a cirurgia, cujo custo aproximado é de R$ 150 mil.
— Íamos entrar na Justiça para conseguir a cirurgia, mas daí o plano liberou —
recorda Giovane. O período de recuperação foi difícil.
— Ele ficou inchado e sentia muita dor. Doía vê-lo naquela situação —
conta o pai.
Dor que foi recompensada quando Bruno ouviu pela primeira vez. A vitória
aconteceu quando uma equipe vinda de São Paulo realizou os primeiros testes
com o menino. Ao ouvir o barulho, os olhos do menino arregalaram.
— Foi um misto de susto e encanto. Ele ficava olhando pra ver de onde vinha —
diz.
Cena que levou os pais às lágrimas.
— Ver o sorriso no rostinho dele e lembrar tudo que passamos. Foi uma
sensação única.
"Felipe veio para ensinar o Bruno a falar"
A rotina de incertezas ganhou um novo capítulo quando Franciele descobriu
que estava grávida. O medo de ter outro filho com o mesmo problema abalou
ainda mais a vida do casal. Mas eles decidiram que não iam se abater.
Enfrentaram mais uma luta juntos e tiraram de letra. Felipe, hoje com seis
meses, nasceu saudável. Por precaução, fez o exame BERA e não tem
nenhum problema de audição.
— A gente diz que o Felipe veio para ensinar o Bruno a falar. Eles já brincam
juntos e nos enchem de alegria — relata Giovane.
Desde então, o período difícil ficou para trás. Hoje, cada nova descoberta de
Bruno é uma recompensa para os pais. Tudo com a ajuda da fonoaudióloga
Mariana Fouad Guirguis, com quem Bruno faz acompanhamento por cerca
de uma hora, duas vezes por semana. As consultas são particulares e custam
R$ 75 cada sessão.
— Eu digo que o Bruno é uma faculdade. Mas os gastos não são nada, o que
importa é ver a evolução dele — garante Giovane.
A consulta é sempre acompanhada pelo pai, que tem a missão de continuar
as atividades em casa. A longo prazo, a terapia vai garantir que Bruno
aprenda a articular palavras e comece a balbuciar as primeiras palavras.
Resultado
que já foi observado pelos pais.
— No início notamos uma evolução maior, ele falava 'mama', 'papa'. Agora
parece que está mais lento — diz o pai.
Programas de computador vão ajudar Bruno a fazer a leitura labial e
identificar os sons das palavras. Por enquanto ele só ouve sons altos. As
brincadeiras também são diferentes e funcionam por meio de "recompensas".
O menino só pode começar a atividade quando ouvir o barulho do tambor feito
pela
fonoaudióloga.
— Às vezes tenho que ser dura com ele, se não vira festa. Mas o Bruno
é muito concentrado — conta Mariana.
Segundo a fonoaudióloga, a terapia deve seguir, pelo menos, até os 12 anos.
E, por enquanto, nada de aprender libras.
— Queremos estimular ele a ouvir. Aprender a linguagem de sinais vai
depender
muito da evolução dele. Pode ser que ele nem precise — explica.
MAIS INFORMAÇÃO SOBRE O ASSUNTO:
http://sulp-surdosusuariosdalinguaportuguesa.blogspot.com.br/2012/05/cirurgia-para-quem-nasceu-sem-os-nervos.html
http://scholar.googleusercontent.com/scholar?q=cache:9piQGk9jAbsJ:scholar.google.com/+implante+auditivo+de+tronco+cerebral&hl=pt-BR&as_sdt=0&as_vis=1http://sulp-surdosusuariosdalinguaportuguesa.blogspot.com.br/2012/05/cirurgia-para-quem-nasceu-sem-os-nervos.html
http://www.implantecoclear.org.br/textos.asp?id=2
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-72992008000500002&script=sci_arttext
4 comentários:
Muito lindo a matéria...tenha uma filha que tambem nasceu surda e faz uso do Implante Coclear ...é uma alegria mutio grande ver sua evolução na fala .Hoje ela tem 4 anos operou aos dois anos de idade, tá começando agora a formar frases, mas já fala bastante palavras soltas é uma emoção muito grande e todo sofrimento vivido, as incertezas de seu desenvolvimento, as dificuldades que ela mesmo enfrenta para se comunicar cai por terra ao ver a determinação de um ser tão pequeno....
Mariana, é bom a gente saber que outras pessoas enfrentam dificuldades semelhantes e consegue superar. Você vai ter a alegria de acompanhar os progressos de sua filha. Abraços.
Boa tarde!
Alguem tem o contato dessa familia? Minha filha vai fazer implante tronco cerebral, e gostaria muito com trocar ideia com eles. Ela tem 11 meses.
Agradeço a atenção.
Talitha Teles
talitha_teles@yahoo.com.br
Talitha, apenas reproduzimos reportagem do jornal Folha de S Paulo, nao conheço a familia. Talves os médicos que farão a cirurgia em sua filha possam indicar casos semelhantes.
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