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domingo, 21 de dezembro de 2008
Beethoven e Goya - Como perderam a audição
Surdez em Viena
Foi em Viena que lhe surgiram os primeiros sintomas da sua grande tragédia. Foi-lhe diagnosticado, por volta de 1796, tinha Ludwig os seus 26 anos de idade, a congestão dos centros auditivos internos, o que lhe transtornou bastante o espírito, levando-o a isolar-se e a grandes depressões.
Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas acções; porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a triste enfermidade, agravada pela ignorância dos médicos.
— Ludwig van Beethoven, in Testamento de Heilingenstadt, a 6 de Outubro de 1802
Consultou vários médicos, inclusive o médico da corte de Viena. Fez curativos, realizou balneoterapia, usou cornetas acústicas, mudou de ares; mas os seus ouvidos permaneciam enrolados. Desesperado, entrou em profunda crise depressiva e pensou em suicidar-se.
Devo viver como um exilado. Se me acerco de um grupo, sinto-me preso de uma pungente angústia, pelo receio que descubram meu triste estado. E assim vivi este meio ano em que passei no campo. Mas que humilhação quando ao meu lado alguém percebia o som longínquo de uma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o canto de um pastor e eu nada escutava! Esses incidentes levaram-me quase ao desespero e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou!
— Ludwig van Beethoven, in Testamento de Heilingenstadt, a 6 de Outubro de 1802
Beethoven, por Joseph Mähler
Embora tenha feito muitas tentativas para se tratar, durante os anos seguintes, a doença continuou a progredir e, aos 46 anos de idade (1816), estava praticamente surdo. Porém, ao contrário do que muitos pensam, Ludwig jamais perdeu a audição por completo, muito embora nos seus últimos anos de vida a tivesse perdido, condições que não o impediram de acompanhar uma apresentação musical ou de perceber nuances timbrísticas.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ludwig_van_Beethoven
Livros8 de dezembro de 2004
Trecho do livro Beethoven, a Músicae a Vida, de Lewis Lockwood
O MUNDO INTERIOR E O MUNDO EXTERIOR DE BEETHOVEN
Isolamento e surdez
Dois elementos da vida doméstica de Beethoven preencheram os últimos dez anos como motivos persistentes de uma das suas obras mais importantes: o isolamento e a obsessão. À medida que seu ouvido se deteriorava, ele não podia mais compreender o que as pessoas diziam sem a ajuda de uma corneta acústica, e, mesmo assim, às vezes, de maneira precária. Acabou surgindo a necessidade de as pessoas escreverem o assunto e o propósito de suas conversas com ele. Então, a partir de 1818, Beethoven manteve blocos de papel e lápis prontos para os visitantes e os amigos registrarem suas declarações, mensagens e questões, em lugar de gritá-las. Beethoven lia o que eles escreviam e, em geral, respondia verbalmente, não escrevendo, a menos que eles quisessem que o comentário permanecesse confidencial, como ele mesmo queria de vez em quando. De uma maneira geral, os "Cadernos de Conversação", como foram chamados, consistiam em comunicações de mão única. Beethoven e aqueles que ficavam ao seu lado conseguiram juntar muitos desses cadernos ao longo dos anos, entre 1818 e 1827, e mesmo em sua forma unilateral eles fornecem uma reflexão sobre sua vida privada e os tópicos de interesse, dele e do seu círculo. Eles abordam com assuntos pessoais e gerais, desde música até política, de preços de vinhos a planos de publicação, de mexericos a opiniões sérias, emitidas pelo compositor e por aqueles que o cercavam. Como exemplo, em fevereiro de 1820, Carl Bernard, jornalista que freqüentava o círculo de Beethoven, escreveu que "a ópera de Meyerbeer (Emma von Leicester) fracassou feio - é pura imitação de Rossini". Uns meses depois, o mesmo Bernard deu a Beethoven sua opinião de que lorde Byron "certamente tem mais imaginação e sentimentos mais profundos do que qualquer outro poeta vivo. The Corsar (O corsário), sobretudo, daria uma boa ópera".
Goya e a surdez
A doença
Em 1792, numa viagem a Andaluzia, contraiu uma doença séria e desconhecida, transmitida por seu amigo Sebastián Martínez, ficando temporariamente paralítico, parcialmente cego e totalmente surdo. Com a doença, perdeu sua vivacidade, seu dinamismo, sua autoconfiança. A alegria desapareceu lentamente de suas pinturas, as cores se tornaram mais escuras e seu modo de pintar ficou mais livre e expressivo. Parcialmente recuperado, retornou a Madrid no verão de 1793 e continuou a trabalhar como artista da Corte, porém buscou outras inspirações para expressar sua fantasia e invenção sem limite, o que as obras sob encomenda não lhe permitiam.
Devido à doença, Goya passou a não ter mais muito respeito pela aristocracia, expondo nas suas pinturas as verdadeiras identidades e as fraquezas dos modelos. Um exemplo é o retrato do rei Fernando VII de Espanha. Seus retratos deste período mostram, todavia, a sua fascinação pelas mulheres e pelas crianças, não igualada por nenhum outro artista, com a possível exceção de Renoir. Dois retratos de mulheres, executados nessa época, mostram claramente essa qualidade: "Doña Antonia Zarate", orgulhosa, ereta, coquete e algo triste; e a "Condesa de Chinchón", o mais terno de seus retratos de mulheres, no qual o rosto infantil e a postura frágil dos ombros contrastam com o traje elegantemente pintado. Estes retratos foram como um último adeus às alegrias da vida, porque pouco depois Goya se exilou em sua Quinta Del Sordo, em Madrid. As guerras napoleônicas vieram e se foram, e os horrores sofridos pelos espanhóis deixaram um Goya amargo, transformando a sua arte em um ataque contra a conduta insana dos seres humanos, passando a retratar a falta de sentido do sofrimento humano, tanto injusto como não merecido.
Entre os anos de 1810 e 1814, produziu sua famosa série de pinturas "Los Desastres de la Guerra" e suas duas obras primas "El Segundo de Mayo 1808" e "El Tercero de Mayo 1808". Estas pinturas demonstram um uso de cores extremamente poderoso e expressivo. Pela primeira vez, a guerra foi descrita como fútil e sem glória, e pela primeira vez não havia heróis, somente assassinos e mortos.
Em 1821, a Inquisição abriu um processo contra Goya por considerar obscenas as suas "Majas", mas o pintor conseguiu livrar-se, sendo-lhe restituída a função de "Primeiro Pintor da Câmara".
http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_de_Goya
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