terça-feira, 7 de abril de 2009

Sobre deficiência e trabalho

http://www1.folha.uol.com.br/folha/classificados/empregos/ult1671u545338.shtmle
Começou ontem, em São Paulo, a terceira maior feira de inclusão, reabilitação e acessibilidade do mundo, a Reatech. O evento reúne empresas dispostas a contratar funcionários que tenham algum tipo de deficiência. Neste ano, serão oferecidas cerca de 6.500 mil vagas --em 2008, foram quase 8.000 postos, mas apenas 500 foram preenchidos.
Para o diretor da feira, Rodrigo Rosso, a falta de capacitação profissional dos trabalhadores com deficiência é o principal problema encontrado pelas empresas. Segundo ele, a demora na contratação se deve a esse motivo.
"Há vagas para todas as deficiências, mas é difícil encontrar um profissional que tenha aquele exato perfil", explicou.
Segundo ele, em geral, as pessoas com deficiência mental são contratadas como empacotadores em supermercados. Já os deficientes auditivos costumam conseguir vagas em linhas de montagem.
"Esta dependência do tipo de função relacionado com o tipo de deficiência é a que impede mais contratações. Os deficientes visuais são muito procurados para telemarketing", disse.


Essas considerações sobre trabalho e capacidade profissional das pessoas deficientes são generalizadas, pouco explicativas e até mesmo preconceituosas.

Faço parte do grupo e movimento SULP-Surdos Usuários da Língua Portuguesa e é desses surdos que posso falar com algum conhecimento de causa.
O deficiente padrão não existe, existem diferentes pessoas com diferentes deficiências e diferentes graus de instrução e formação profissional.
Sou surda póslingual (fiquei surda depois de alfabetizada) e eu e meus colegas surdos usuários da língua portuguesa estamos em todos os lugares, temos diferentes níveis educacionais e profissionais.
Somos advogados, professores, pedagogos, engenheiros, bancários, economistas, estudantes, fonoaudiólogos, médicos, escritores, comerciantes, trabalhadores de várias áreas e formações, donas de casa, etc...uns são oralizados, uns usam aparelhos auditivos, outros implantes ou ambos, lemos e escrevemos na língua portuguesa (e outras tais como inglês, francês, espanhol, italiano, alemão...) e com as chamadas ajudas técnicas podemos estudar e trabalhar normalmente, em várias profissões.
Nada tenho contra trabalho em linhas de montagem, telemarketing, embalagens, etc...afinal todo trabalho é digno ou deveria ser digno oferecendo remuneração justa a quem o executa. Mas penso que encaixando os deficientes em geral em profissões ou postos de trabalho específicos como os citados como exemplo na matéria acima também se está exercendo uma espécie de discriminação...
Como se diz nesses casos, cada caso é um caso...
Claro está que um texto legal não pode contemplar casos individuais mas publicar matérias tão genéricas também não ajuda a esclarecer nem a superar preconceitos.

O que vocês acham?

Mais sobre o assunto:

http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=300&c=31

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