sexta-feira, 29 de maio de 2009

SUS - Encontre os endereços do SUS em sua Cidade

Indicadores de serviços especializados no Brasil

Serviço de atenção à saúde auditiva SUS

S U S Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação, Terapia Fonoaudiológica, Implante coclear
Clicando no endereço abaixo você poderá selecionar o Estado, a Cidade em que existe prestação de serviços referentes à saúde auditiva

http://cnes.datasus.gov.br/Mod_Ind_Especialidades.asp?VEstado=00&VMun=00&VTerc=00&VServico=107&VClassificacao=00&VAmbu=&VAmbuSUS=1&VHosp=&VHospSUS=1

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A DIVERSIDADE NAS CAUSAS DA SURDEZ

A reprodução destas matérias tem por objetivo informar.

Diagnósticos e tratamentos devem ser feitos por médicos e profissionais
especializados.

SURDEZ NEURO-SENSORIAL

As perdas auditivas que se originam de distúrbios da orelha interna ou do nervo acústico são denominadas neuro-sensoriais. Ao contrário das perdas de transmissão, em que ocorre apenas falta de energia sonora, nas perdas neuro-sensoriais existem graus variáveis de perda de discriminação, em que o paciente refere ter dificuldade para entender as palavras. O diagnóstico etiológico das perdas neuro-sensoriais é complexo e exige a associação de exames audiológicos, laboratoriais e de imagens dos ossos temporais ou da fossa posterior.

Afecções Vasculares
Costumam produzir perdas auditivas mais significativas nos sons agudos . Podem decorrer de alterações generalizadas, nas quais geralmente é impossível estabilizar ou melhorar a audição, ou fenômenos locais, dos quais o mais comum é a compressão das artérias vertebrais na síndrome cervical, que também pode causar transtornos labirínticos. Atualmente o melhor exame para avaliar objetivamente essa compressão é a ultra-sonografia das carótidas e vertebrais associada ao Doppler. O uso de vasodilatadores, associados à fisioterapia cervical, permite estabilizar e, em alguns pacientes, melhorar a perda auditiva.

Afecções Metabólicas
Produzem perdas auditivas horizontais, ou seja, iguais em todas as freqüências, ou afetam mais a freqüências graves e agudas do que as médias (curva audiométrica em U invertido).
A estria vascular, localizada na cóclea e a central metabólica da orelha interna e é extremamente sensível a alterações metabólicas do organismo. A causa mais freqüente de surdez metabólica é a flutuação da glicose sangüínea, indispensável para a manutenção da constituição química da endolinfa. Essa flutuação ocorre principalmente na hipoglicemia reativa devida à hiperinsulemia, e na microvilopatia enzimática, afecção do intestino delgado em que a produção de dissacaridases é reduzida, provocando dificuldade de absorção dos açúcares duplos. O diagnóstico é obtido através de uma curva glicêmica de cinco horas com dosagem simultânea de insulina.
A hiperinsulinemia é caracterizada por um pico tardio (após os 60 minutos) ou por um retorno lento (soma dos valores aos 120 e 180 minutos maior que 60 U/I. Nas curvas insulinopênicas (todos os valores da insulina menores do que 50 U/I) deve-se pensar na microvilopatia enzimática, que é confirmada pela curva de tolerância à lactose. Distúrbios da tireóide, seja por hipo ou hipertireoidismo, podem também ocasionar surdez metabólica. Existe, também, a atrofia genética da estria vascular, cujo diagnóstico é feito por exclusão ou através de história familiar.

Neurolues
O teste de imunofluorescência para lues (FTA-Abs) demonstra que em alguns pacientes existe uma cicatriz sorológica de lues; o FTA-Abs é positivo e todos os demais negativos. A maioria dos clínicos e dermatologistas acredita que essa situação não indica doença ativa, mas a experiência otológica e oftalmológica tem sido diferente.
Provavelmente em virtude da sensibilidade desses sistemas, essas pessoas podem apresentar vasculites. A vasculite luética da orelha interna produz surdez neuro-sensorial progressiva, com há discriminação vocal. O tratamento é realizado com corticosteróides, que devem ser ministrados durante toda a vida do paciente, na menor dosagem,que mantenha a audição em níveis sociais satisfatórios. Se houver doença ativa, com teste de Wasserman, VDRL, etc, positivos, torna-se necessário administrar também antibióticos, mas é sempre indispensável iniciar o tratamento pelo corticosteróide, uma vez que a reação de Herxheimer pode causar surdez total.

Doença de Menière
A expressão doença de Menière é utilizada atualmente em sentido restrito, abrangendo apenas os casos que apresentam a tríade sintomática completa descrita por Menière em 1861: perda auditiva flutuante, tinnitus e vertigens recidivantes. A doença é causada por um acúmulo excessivo (hydrops) de endolinfa, cuja etiologia nem sempre pode ser determinada. Problemas metabólicos, transtornos endócrinos, trauma acústico e trauma físico estão entre as causas freqüentes que podem ser identificadas. Existem ossos temporais humanos, contudo que evidenciam que o hydrops pode ser causado por vírus, e as histórias clínicas dos doadores desses temporais demonstram que usualmente se passam 15 a 20 anos entre a infecção viral e o início da enfermidade. Isso significa que é impossível, com os exames laboratoriais hoje disponíveis, estabelecer esse diagnóstico, com precisão,em pacientes.
Cerca de 50% dos casos são unilaterais, e nesses casos é mais difícil estabelecer a etiologia da doença.
O melhor tratamento é o etiológico. Quando a etiologia não é determinada, experimentam-se tratamentos empíricos, ou medicamentos administrados por via transtimpânica, geralmente introduzidos através de tubos de ventilação. Têm sido realizados tratamentos com corticosteróides e com gentamicina.Quando nenhum desses é bem sucedido, deve-se recorrer ao tratamento cirúrgico, que é formalmente indicado nos casos de vertigem incapacitantes ou quando a surdez é progressiva e não se estabiliza com o tratamento clínico. A cirurgia pode ser conservadora (a mais utilizada é a descompressão ou derivação do saco endolinfático) ou destrutiva (secção dos nervos labirínticos através da via subtemporal (fossa média) ou retro-labiríntica (fossa posterior).

Fístula Perilinfática
Alguns pacientes apresentam aquedutos cocleares amplos, ou defeitos no modíolo da cóclea, permitindo uma comunicação mais ampla que a normal entre o líquido céfalo-raquidiano e a perilinfa. Em momentos de hipertensão liquórica, que podem resultar de exercícios físicos,emoções, etc., pode ocorrer a ruptura de membranas da orelha interna, mais freqüentemente no nível da janela coclear ou da janela vestibular. Dessa maneira forma-se uma fístula perilinfática através da via explosiva. Podem também ocorrer fístulas pela via implosiva, geralmente ao compensar variações de pressão da orelha média em mergulhos submarinos e mesmo em vôos. A presença de fístula perilinfática pode manifestar-se de forma súbita (surdez súbita, vertigem súbita ou associação de ambas) ou insidiosas (surdez flutuante e vertigens recidivantes, em um quadro semelhante ao da doença de Menière. Em alguns casos a comunicação entre os líquidos é de tal forma ampla, que se caracteriza a síndrome da hipertensão perilinfática.
Casos de meningites recidivantes têm sido descritos em muitos casos, por quebra da barreira meningoencefálica. As fístulas perilinfáticas são provavelmente a causa mais freqüente da surdez súbita. Geralmente há um antecedente de esforço físico ou stress ou emoção intensa. Há também casos comprovados de fistulas em pacientes que acordam com surdez unilateral após cirurgias de vários tipos, possivelmente pela hiper-ventilação anestésica ao térmico do procedimento, que em pessoas sensíveis pode causar rupturas de membranas pela via implosiva. O clássico sinal de fístula (nistagmo produzido pelo aumento de pressão no meato acusticoexterno por meio de um especulo pneumatico) é altamente sugestivo quando presente, mas só é positivo em aproximadamente 20% das fistulas perilinfáticas cirurgicamente comprovadas.
O tratamento é cirúrgico, consistido em um acesso transmeático, com escarificação e fechamento da fístula com fragmento de tecido adiposo obtido do lobo da orelha. Esta cirurgia deve ser considerada como uma emergência médica. Os resultados cirúrgicos são muito menos satisfatórios quando decorrem mais de três semanas entre a ocorrência da surdez e a cirurgia.

Surdez Auto-Imune
Vários tipos de afecções da orelha interna têm sido atribuídos a doenças auto-imunes, quer generalizadas, quer localizadas. Embora a ocorrência não seja freqüente, casos de surdez neuro-sensorial têm sido descritos em pacientes com lupus eritematoso sistêmico, artrite reumatóide e periarterite nodosa. Há casos, contudo, que parecem decorrer de arterites da própria orelha interna, que determina perdas progressivas com grande comprometimento da discriminação vocal. O diagnóstico laboratorial é difícil. Os testes de FAN e FAN em células HEp2 são os mais comumente positivos, mas podem estar normais. A presença de hemograma normal com velocidade de eritrossedimentação elevada pode ser considerada como suspeita. Pode-se fazer uma prova terapêutica com corticosteroides durante duas a três semanas, comparando-se os limiares audiométricos e coeficientes de discriminação antes e depois do tratamento.
Geralmente utilizamos prednisona, na dose de 1mg por quilo de peso corporal, dividida em duas ou três administrações diárias. Se a audição apresentar melhora social significativa, podemos estabelecer a dose mínima de manuntenção e manter esse tratamento, se for tolerado pelo paciente. Em casos de má tolerância ou contra-indicação ao corticosteróide, utilizamos a ciclofostamia por via oral, na dose de 50mg duas vezes por dia. Semanalmente faz-se um audiograma e uma contagem global de leucócitos. O tratamento é interrompido quando a audição se estabiliza, ou quando o número de leucócitos cai ao limite de 2.500 por mm (cúbicos), o que quer que aconteça antes. Esse tratamento costuma manter a audição em níveis satisfatórios durante dois ou três anos, podendo ser repetido quando necessário.

Ototoxicoses
Muitos casos de surdez decorrem de efeitos de substâncias, quase sempre medicamentos, sobre a orelha interna.
Antibióticos — Os aminoglicosídeos constituem uma família de antibióticos com nítidos efeitos tóxicos sobre a audição e o equilíbrio. Em virtude de não serem metabolizados no organismo e serem excretados pelo rim sob forma ativa, eles podem atingir concentrações elevadas no sangue, sempre que houver algum grau de insuficiência renal. Atualmente existem técnicas de laboratórios para controlar a concentração sangüínea desses antibióticos: é muito importante que isso seja feito rotineiramente quando o uso desses antibióticos se fizer necessário.
O uso de gentamicina na primeira infância para tratar infecções intestinais, de acordo com o levantamento realizado na Escola Paulista de Medicina, representa um contingente de 15% dos casos de surdez pré-lingual. Nos adultos a gentamicina raramente causa surdez, mas destrói os receptores vestibulares, trazendo total desequilíbrio, cuja compensação leva muitos meses ou anos para processar-se. Além dos aminoglicosídeos, alguns outros antibióticos produzem ocasionalmente efeitos ototóxicos: cloranfenicol,vancomicina,lincomicina.
Antiinflamatórios não hormonais — Alguns casos de surdez neuro-sensorial grave foram descritos com o piroxicam e outros antiinflamatórios não hormonais.
Diuréticos — Efeitos ototóxico são observados nos tratamentos com a furosemida e seu derivados, e com o ácido etacrínico.
Colírios — A pilocarpina, utilizada para controlar o glaucoma, pode causar doença de Menière. O problema é particular complexo quando se trata de pacientes com glaucomas graves, nos quais o uso da pilocarpina não pode ser interrompido. O timoptol e seus derivados não possuem comportamento ototóxico.
Substâncias químicas — Determinadas substâncias químicas podem produzir sintomas vestibulares e ocasionalmente auditivos. Solventes de tintas são os mais freqüentes causadores de síndromes menieriformes.

Trauma Acústico
A exposição continuada ao ruído produz perda de células ciliadas do órgão de Corti, sendo essa perda proporcional à intensidade sonora e ao tempo de exposição. Do ponto de vista do ruído produzido por máquinas industriais, está estabelecido que os ouvidos humanos toleram um nível de 90 dB (ou 85 dBa da escala mais comumente utilizada para medir ruído ambiental), durante 8 horas por dia. Quando a quantidade de ruído excede limites mesmo com o uso de protetores, deve-se reduzir a duração da jornada de trabalho, segundo a convenção da I.S.O. (International Organization of Standardization), assinada pelo governo do Brasil, mas raramente seguida. Uma vez que a surdez por ruído é gradativa, seus efeitos só se fazem sentir ao longo dos anos, ao atingir níveis socialmente significativos.
Infelizmente não existe cura para a surdez por traumatismo acústico. Casos de trauma acústico têm sido descritos, também, como a exposição a outros tipos de ruído, particularmente a música extremamente alta, em teatros e discotecas, e também com o uso de fones, em sistemas domésticos e portáteis (walkmen).
Existe, também a modalidade aguda do trauma acústico, produzida por exposição a sons de curta duração, tais como explosões e acidentes com fogos de artifícios. Os sons explosivos comprometem a vascularização do órgão de Corti, reduzindo a afluência de nutrientes necessários para a reestruturação das células não destruídas. Está comprovado que o uso do dextran, por via intravenosa, imediatamente após o trauma, melhora nitidamente os limiares audiométricos. Geralmente internamos o paciente durante três dias e utilizamos um sistema de microgotas para injetar aproximadamente três litros de solução glicosada ou fisiológica de dextran 50, na velocidade de 50 gotas por minuto. Velocidade maiores podem acarretar cefaléia e tinnitus.

Trauma Crânico
Acidentes que produzem traumas crânicos freqüentemente causam perdas auditivas que variam desde as perdas de agudos associadas a tinnitus (comoção labiríntica traumática) até perdas auditivas profundas, uni ou bilaterais (fratura do[s] rochedo[s]. Embora todos os traumatismos possam apresentar conseqüências graves, os acidentes com motocicletas são os que mais freqüentemente produzem fraturas de ambos os rochedos, os quais,alem da surdez, podem provocar vertigens e paralisias faciais periféricas. As comoções labirínticas melhoram espontaneamente, podendo deixar seqüelas. Não há tratamento para a fratura unilateral do rochedo. Na fratura bilateral aconselha-se o implante coclear.

Surdez Súbita
Existem pacientes que apresentam perdas auditivas súbitas,quase sempre unilaterais, mas que em raras ocasiões podem ser bilaterais. Às vezes ocorrem sintomas premunitórios, como pressão no(s) ouvido(s) ou tinnitus ou "estalos". Às vezes a surdez não e realmente súbita, mas rapidamente progressiva, atingindo níveis elevados em poucos dias. A surdez súbita e freqüentemente acompanhada de tinnutis intenso e pode haver também vertigem súbita concomitante. A surdez súbita pode decorrer de diversos mecanismos:

1)Destruição das células ciliadas do órgão de Corti —As surdezes unilaterais são mais freqüentemente causadas por doenças a vírus, particularmente a parotidite epidêmica. As bilaterais são mais freqüentes após as meningites bacterianas. Casos menos freqüentes podem ocorrer na lues terciária e na esclerose múltipla. Essas surdezes são irreversíveis.

2)Obstrução vascular no nível da orelha interna — Considerada antigamente como muito freqüente, na verdade é muito rara, tanto que não há ossos temporais humanos de portadores de surdez súbita que demonstra obstruções vasculares. Ela pode ocorrer por embolia ou microembolia, pacientes com alterações vasculares ou afecções, como a diabetes, que causam alterações vasculares. O tratamento vasodilatadores, em paciente hospitalizado, pode proporcionar bons resultados, mas esse tratamento tem sido largamente utilizado sem nenhuma indicação clinica.

3)Malformações congênitas da orelha interna — Há casos de surdez súbita em pacientes com desenvolvimento incompleto das estruturas ósseas da orelha interna, globalmente designadas como displasia de Mondini. Em geral essas surdezes ocorrem pela facilidade que tem esses pacientes de desenvolvimento fístulas perilinfáticas.

4)Fistula perilinfática — ver tópico correspondente acima.

5)Compressão do nervo acústico no nível do meato acústico interno— Cerca de 10% dos casos de surdez súbita são causados por schwannomas vestibulares, ou neurinomas do nervo acústico ou outros tumores do ângulo ponto-cerebelar. É conveniente obter imagens dos ângulos ponto-cerebelares dos pacientes com surdez súbita, a fim de excluir essa possibilidade diagnóstica.

6)Afecções do sistema nervoso central — Alguns casos de surdez súbita tem sido descritos na esclerose múltipla e na sarcoidose cerebral.

Schwannoma Vestibular
O schwannoma vestibular é um tumor benigno que se origina das células da bainha de um dos nervos vestibulares. É também conhecido como neurinoma do acústico ou neuroma do acústico. É um tumor crânico relativamente freqüente, representando 10% dos tumores cerebrais e 90% das lesões do ângulo ponto-cerebelar. Ele pode produzir perda auditiva progressiva ou súbita, com qualquer tipo de curva audiométrica. Os sinais neurológicos são tardios; costumam surgir, em média, dez anos após os sintomas auditivos. A suspeita de schwannoma vestibular deve ser feita em todos os casos de surdez neuro-sensorial unilateral. O exame de escolha, sempre que disponível, e a ressonância magnética realizada com contraste paramagnético. A tomografia computadorizada de crânio, mesmo com a utilização de contraste iodado, pode estar normal nos tumores com menos de 1 cm de diâmetro. O tratamento é cirúrgico.
Tumores pequenos, totalmente contidos no meato acústico interno, são preferencialmente operados uma técnica de fossa média ampliada, em que se procuram preservar tanto o nervo facial como o coclear. Tumores maiores podem ser operados por via translabiríntica, que é a técnica de escolha dos otorrinolaringologista, ou pela fossa posterior, que é a via mais usada pelos neurocirurgiões. Em qualquer das técnicas há risco de comprometimento do nervo facial, que invariavelmente se encontra junto ao schwannoma.
O risco é menor na via translabiríntica, que também apresenta pós-operatório mais tranqüilo, por pouco traumatizar as estruturas endocrânicas. Essa técnica constitui a nova via de escolha para todos os tumores não intrameaicos. Em pacientes idosos podem ser feitas ressecções parciais intracapsulares, que são operações muito mais benignas que as remoções totais. A radiocirurgia tem sido proposta para o tratamento desses tumores, mas deve ficar adstrita a casos especiais, uma vez que esses tumores são pouco sensíveis á radioterapia. Uma afecção genética relativamente rara, a neurofibromatose II, produz schwannomas bilaterais. Nesses casos costuma-se operar o tumor maior e aguardar a perda da audição no segundo ouvido para fazer a exérese do segundo tumor.

Malformações Congênitas
Acidentes de desenvolvimento ao redor da quinta à sétima semana da gravidez podem resultar em aplasia da orelha interna (aplasia de Michel), ou hipoplasias e displasias da cóclea e/ou dos canais semicirculares (hipoplasia de Mondini, displasia de Mondini). Embora Mondini tenha descrito essa malformação em 1791, somente na década de 1960 é que o diagnóstico clínico começou a ser feito, graças ao aperfeiçoamento na técnica radiológica que resultaram no desenvolvimento da tomografia hipocicloidal. Atualmente o diagnóstico é estabelecido pela tomografia computadorizada de alta resolução.
As crianças com formas intensas da displasia de Mondini geralmente nascem com audição normal; gradativamente começam a apresentar flutuações auditivas que evoluem gradativamente para surdez intensa ou profunda, que geralmente ocorre antes dos quatro anos de idade. Formas mais leves podem evoluir de maneira diversas, podendo a audição permanecer estável durante toda a vida do paciente, ou surgir um quadro semelhante ao da doença de Menière na idade adulta. Problemas genéticos ou acidentais posteriores pode destruir as células receptoras do órgão de Corti, ocasionando surdez intensa em 15% dos casos e profunda em 85%.
Prof. Dr. Pedro Luiz Mangabeira Albernaz
Fonte: http://www.sosdoutor.com.br/sosotorrino/surdez_neuro.asp

Otosclerose

É uma doença do ouvido médio, que se caracteriza por uma ossificação anormal da caixa do tímpano que se desenvolve com o decorrer dos anos e pode levar à surdez.
Os folículos otosponjosos são zonas onde o osso normal está substituído por um tecido mole, esponjoso e imaturo antes de se tornar esclerosado. Eles podem encontrar-se em todas as partes do rochedo (osso craniano), mas o dano mais frequente é este da janela oval, que bloqueia pouco a pouco a placa do estribo: os movimentos subtis dos ossículos são agora cada vez mais deficientemente transmitidos ao ouvido interno e isso leva a uma diminuição da audição, ou seja uma surdez dita “de transmissão”. Certas frequências já não passam.

Excepcionalmente, esta doença danifica também o ouvido interno.Se o mecanismo preciso de uma transmissão genética está ainda por elucidar, não é menos claro que esta doença tem um carácter familiar em cerca de um pouco mais de 50% dos casos.
Encontram-se muitas pessoas que sofrem de otosclerose ou que têm dificuldades auditivas precoces no seio de uma única família.
A intervenção de um factor genético pode também explicar o facto de esta doença ser relativamente frequente (de 0,1 a 0,3%) nas populações brancas, apesar de ser invulgar, e até ausente, nas populações negras, asiáticas e ameríndias.
Uma evolução insuspeita
A idade do aparecimento da otosclerose é difícil de estipular, uma vez que é determinada pelas dificuldades auditivas que se instauram de um modo muito lento e progressivo. Mas a sua evolução pode também acontecer em várias etapas. Antes que o diagnóstico seja estabelecido, a doença, durante muito tempo insuspeita, está num estado já muito avançado.
As otoscleroses que começam na puberdade podem evoluir mais rapidamente. Os acufenos (campainhas, zumbidos, silvos) mantêm--se muito instáveis ao longo do tempo. Os primeiros sinais aparecem geralmente entre os 30 e os 35 anos, com extremos aos 10 ou aos 50 anos.
A otosclerose predomina e evolui mais rapidamente nas mulheres, atacando-as duas vezes mais frequentemente que aos homens, sem que a sua causa seja conhecida. São mencionados factores hormonais. A descoberta da doença sobrevem frequentemente no decorrer de uma primeira gravidez que agravará o défice auditivo, ainda que não pareça haver relação entre a severidade da evolução e número de gravidezes. A influência destas últimas sobre a evolução da doença está provavelmente em ligação com fenómenos circulatórios associados à fecundação hormonal. Todavia, face à dificuldade de justificar um factor hormonal, a atitude dos médicos não é assim tão persistente como antes no que diz respeito à proibição da gravidez ou da contracepção por pílula estroprogestativa.
Factores inflamatórios e infecciosos foram igualmente postos em causa (otites repetidas, sarampo...), sem que um vínculo de causa/efeito seja claramente explicado. As hipóteses mais estudadas, actualmente, são as relacionadas com problemas enzimáticos e de susceptibilidade familiar a uma infecção viral que leva a uma reacção local.
A diminuição da audição é progressiva e bilateral na maior parte dos casos. Quando o dano é unilateral ou muito assimétrico, ela é reconhecida mais rapidamente, pois o ouvido são permite avaliar a diferença da qualidade da audição. Esta diminuição pode paradoxalmente ser acompanhada de um maior conforto, a nível da audição, num ambiente ruidoso. Os acufenos são frequentes e constituem por vezes um incómodo mais importante que a diminuição da audição em si. Excepcionalmente, as pessoas afectadas queixam-se de vertigens. A observação do ouvido mostra, na maior parte dos casos, um tímpano normal.
Um simples exame permite especificar qual o tipo de surdez.
O diagnóstico da otosclerose é assim posto em termos de uma surdez de transmissão com tímpano normal, eventualmente acompanhada de acufenos. Uma vez que sejam encontrados outros casos na família, o diagnóstico é quase certo. Para casos mais incertos é necessário uma sondagem antes de considerar um tratamento.
Três tratamentos possíveis
§ Tratamento médico
O flúor é utilizado sob a forma de fluoreto de sódio há mais de trinta anos.
Ele permite uma recalcificação do osso e terá uma acção anti-enzimática. Com efeito, é actualmente ainda difícil concluir a eficácia comprovada deste tratamento, utilizado sistematicamente por certos médicos e não utilizado por outros. O tratamento pode preceder ou seguir-se a uma intervenção cirúrgica segundo os médicos. A calcitonina e os vaso-dilatadores têm também sido prescritos, mas a sua utilidade não foi provada.
§ A cirurgia
O tratamento cirúrgico permite uma restauração perfeita e imediata da audição, em mais de 95% dos casos. Este é encarado quando a pessoa ressente um grande desconforto na vida quotidiana e não há contra-indicações operatórias especiais. A decisão de recorrer à cirurgia deve ser tomada depois de ter informado claramente o paciente dos riscos de fracasso da intervenção e de riscos excepcionais (surdez definitiva, paralisia facial).
A operação é feita com anestesia local ou geral. A escolha da técnica de intervenção depende dos hábitos e da experiência do operador. A placa do estribo bloqueada é retirada parcial ou totalmente. Ela é substituída por um pequeno enxerto, de um pedaço de parede venosa. Uma prótese em forma de êmbolo, fixada sobre a bigorna, substitui o estribo.A recuperação é simples, por vezes com acufénios e vertigens durante alguns dias. A natação e os desportos que apresentem o risco de levar a recaídas são contra-indicados durante um mês.
§ Os aparelhos
As próteses auditivas podem, também, dar bons resultados. Elas são aconselhadas quando existe uma contra-indicação à intervenção, uma rejeição ou um fracasso desta.O ouvido atacado necessita de certas precauções, após uma intervenção cirúrgica. Certos medicamentos tóxicos para o ouvido interno (quinina, aspirina...) devem ser evitados completamente, tal como os traumatismos sonoros e aqueles devidos à mudança de pressão atmosférica. O pára-quedismo, e a asa-delta são contra-indicados. Um paciente operado deve igualmente evitar os desportos violentos (artes marciais, boxe, rugby,...).
É necessário pensar também nestas precauções na escolha de uma orientação escolar ou profissional.
Qualquer que seja o tratamento indicado, a vigilância da doença deve ser regular. Os exames essencialmente com audiogramas, permitem avaliar a evolução do processo, contanto que este não seja modificado pela intervenção cirúrgica reparadora.

http://www.saudelar.com/edicoes/2001/setembro/principal.asp?send=otorrino.htm
_____________________________________________________________________

SURDOS UNILATERAIS - NEM UMA COISA NEM OUTRA

ENCONTREI NO ORKUT UM GRUPO DE DISCUSSÃO DOS PROBLEMAS DOS SURDOS UNILATERAIS
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs.aspx?cmm=76642421&tid=5270265553446365690&start=1

SEGUNDO PROJETO DE LEI OS SURDOS UNILATERAIS PODERÃO SE INSCREVER EM CONCURSO DENTRO DAS COTAS, COMO PESSOA COM DEFICIÊNCIA leia mais no link abaixo:
http://vidamaislivre.com.br/noticias/noticia.php?id=5577&%2Fprojeto_reservara_vagas_de_trabalho_para_surdos_de_um_ouvido

Por lei e para fins de concursos não são considerados deficientes e por outro lado se participam de concursos ou se candidatam a empregos acabam sendo reprovados nos exames médicos de admissão.
Reproduzimos o relato de Rafaela...


Surda, Sim! E Daí?
Escrito por Rafaela e Caldas em 09/05/2008
http://rafaelaemcaldas.wordpress.com/2008/05/09/surda-sim-e-dai/

Eu só escuto por um ouvido, o direito. No lado esquerdo, tenho uma perda auditiva neurossensorial profunda, em termos leigos, não escuto porra nenhuma.

Na minha infância, este aspecto deficitário não foi percebido por ninguém além de mim; eu era considerada uma criança lerda, que demorava a entender as coisas, que precisavam me chamar mil vezes até que eu percebesse que estavam falando comigo. Mas, honestamente, nada disso me incomodava. Eu tinha os meus artifícios para não ouvir os coleguinhas de escola me torrando a paciência, ou os meus parentes insinuando que eu vivia no “mundo da lua”: eu simplesmente virava a cabeça, fazendo com que o meu ouvido esquerdo ficasse voltado para a direção que eles estavam falando comigo, e pronto! Tudo saía da mesma forma que entrava: sem sentido algum.

É mais ou menos assim: quando alguém fala comigo posicionado ao meu lado direito, eu escuto tudo direitinho. Não precisa falar alto nem nada. Mas se o contrário acontecer, se uma pessoa falar comigo estando ao meu lado esquerdo, acabou-se. Pode falar horrores, eu não vou ouvir. Se a pessoa falar um pouco mais alto, pode ser que eu perceba que ela está falando, mas eu só escuto ruídos, como se ela estivesse falando uma língua estranha ou simplesmente não estivesse falando comigo. Então, essa pessoa tem que me chamar a atenção de alguma forma, seja me cutucando (odeio) ou me dando um grito mesmo (odeio também), e só assim eu virarei o meu rosto e ouvirei o que o indivíduo tem a me dizer.

Outra péssima situação (a mais recorrente): lugares barulhentos. Bares, restaurantes, shoppings, shows, salas de aula, universidades, lanchonetes, enfim, lugares que tenham mais de três pessoas falando ao mesmo tempo são sinônimos de rumores distorcidos, barulho, ruído. Não suporto sentar em mesinha de bar com mais de três pessoas. Elas começam a falar ao mesmo tempo, e não entendo o que NINGUÉM fala. O barulho do próprio ambiente faz com que um ruído incessante não permita que eu entenda o que as pessoas estão dizendo, fazendo com que eu desencadeie um esforço sobrenatural para entender o que está se passando em lugares assim. É suuuuper legal: seus amigos começam a contar milhares de histórias e você fica louca, numa mistura de linguagem labial com percepção de alguns sons emitidos, mais um pouquinho de adivinhação. Resumindo, geralmente eu não entendo nada.

Aos quinze anos fiz minha primeira audiometria e, finalmente, entenderam que eu era surda de um ouvido. A partir daí, comecei a ter alguns probleminhas… Estrategicamente, comecei a tirar sarro da minha própria surdez durante a adolescência, e isso fazia com que eu não me importasse tanto em ser chamada de lerda ou até de surda mesmo. Sentava sempre nas primeiras cadeiras da sala de aula e era considerada uma verdadeira palhaça. Quando ia para o ônibus escolar, ficava quietinha num canto, para que ninguém falasse comigo – a bagunça dentro do ônibus não permitia que eu entendesse muita coisa que se passava dentro dele…

Já mais madura, fui para a universidade. Formei-me em Letras com habilitação em língua inglesa e portuguesa; um curso maravilhoso para quem não consegue ficar numa sala de aula: não entendo bulhufas do que os alunos falam durante a aula, até porque crianças e adolescentes têm uma mania irritante de falar tudo muito rápido e todos ao mesmo tempo. Já fui chamada de relapsa por não ouvir recados dados no trabalho, ou por pedir que alunos repitam várias vezes o que acabaram de falar. Além de tudo isso, é fato comprovado que deficientes auditivos têm uma capacidade cognitiva reduzida, dependendo do grau de profundidade. Porém, a atual preocupação com a inserção de deficientes na sociedade não parece preocupada com os surdos unilaterais…

Somos, sim, deficientes. Deficiência nada mais é que a subtração de algo que deveria existir. Quem tem a surdez em um dos ouvidos sabe das dificuldades que passamos, além do nosso esforço em acompanhar os ditames sociais. Contudo, a lei brasileira de hoje só aceita como deficiente auditivo o surdo bilateral, ou seja, dos dois ouvidos. Logo, se uma pessoa surda de um ouvido passa num concurso público, ela pode ser reprovada no exame médico admissional por ser deficiente auditiva unilateral. Ao mesmo tempo, ela não pode se inscrever no mesmo concurso como deficiente, pois é pré-requisito citado no edital que ela precisa ser surda dos dois ouvidos para ser considerada uma deficiente auditiva. E dá-lhe mandado de segurança! No mínimo, paradoxal…

É preciso rever a questão dos deficientes unilaterais, para que tenhamos os nossos direitos garantidos como qualquer cidadão nessa bosta de país… Eita, Brasil!

.......................................................................................................................................
Decreto 5296/04:Art. 5o: § 1o Considera-se, para os efeitos deste Decreto:I - pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas na Lei nº. 10.690, de 16 de junho de 2003, a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias:b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500 Hz, 1.000 Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

MANIFESTO SULP LEIA E APOIE


Mais um na multidão: obrigada BERNARDO!!!

Agradecemos a cada pessoa que se junta ao nosso grupo SULP.

Devagar se vai ao longe...

PARTICIPE VOCÊ TAMBÉM:

http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/3657

sábado, 23 de maio de 2009

Deficientes auditivos - Censo de 2000

Pesquisando nos arquivos:



http://www.bengalalegal.com/censos

Encontramos este texto de análise dos censos feitos no Brasil que é muito elucidativo.

População com Deficiência: Os Censos e seus Critérios no Brasil.

Flavia Maria de Paiva Vital.

O Censo Através da História.

No Brasil, as pesquisas demográficas desde o ano de 1872 incluem informações sobre deficiência. Estas pesquisas refletiam a visão que deficiência se define por um conjunto específico de defeitos corporais.
No censo de 1920, a pesquisa no Brasil acrescentou as categorias mentais do Congresso de Londres, que se manterão, em determinada medida, até o Censo de 1940, segundo uma tendência internacional vinculada às dificuldades de recolher-se com precisão a informação sobre deficiência, então nomeada como espécie de demência (idiotismo, cretinismo e alienação mental).
A partir dos anos 80, o tema da deficiência ocupa mais espaço nas grandes investigações domiciliares brasileiras, em vista de uma crescente estruturação dos movimentos e das organizações "de" e "para" pessoas com deficiência. Mesmo assim, somente as perguntas que se referem à deficiência física e/ou mental são obrigatórias por lei (Lei nº. 7.853/1989). Dessa forma, ainda deixaram que inúmeras deficiências se reunissem apenas nesses dois grupos.
O Censo de 2000 e o Modelo Social.
Ultimamente há uma tendência de incluir a deficiência a partir do modelo social. Os dados oficiais de deficiência coletados no Censo de 2000, seguiram a orientação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que em seu questionário amostral, utiliza um critério baseado em dois esquemas distintos: o primeiro, formado a partir de um modelo centrado nas características corporais, como no Censo de 1991 e pesquisas anteriores; o segundo, montado sobre uma escala de gradação de dificuldades na realização de tarefas pelo indivíduo. A captação de dados, assim, evolui, em sua concepção, para uma semelhança com outros instrumentos de pesquisas mais modernos utilizados atualmente.
Com isso o Censo 2000 garantiu um grau aceitável de comparabilidade com o de 1991, ao mesmo tempo em que marcou uma transição para uma nova forma de registrar informações sobre a deficiência no país. As perguntas levaram em conta a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), Deficiência e Saúde da OMS, com um foco em atividade. Embora seja possível e importante continuar a melhorar a coleta das informações sobre deficiência no país, é preciso dizer que o progresso já foi muito grande.
Segundo o Censo de 2000, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem na população brasileira cerca de 24.600.256 de pessoas com algum tipo de deficiência. Este é o último dado oficial levantado. Ele corresponde a 14.5% da população. Houve, nos últimos anos, entre os Censos de 1991 e o de 2000, um aumento maior que 13 pontos percentuais no número de pessoas com deficiência no Brasil, que era de 1.41% da população total.
Fatores Importantes para o Aumento da População com Deficiência.
Segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, o número das pessoas com deficiência de fato tem aumentado. "(...) O sistema social, econômico e político injusto é o grande responsável pelo aumento das deficiências: a fome que produz o nanismo; os danos cerebrais irreversíveis; a medicação e as cirurgias sem escrúpulos; os erros médicos; a desinformação sobre a prevenção de doenças; a precária situação do sistema de saúde pública e de assistência social; a falta de centros de orientação e de reabilitação; a mercantilização da doença em detrimento dos serviços de higiene e saneamento básico; os acidentes de trabalho e trânsito; a irresponsabilidade dos serviços de segurança pública (policia); o álcool; as drogas; os assaltos; a violência em geral; resultado das frustrações da vida são co-produtores permanentes de deficiências. A estrutura social desigual tem produzido também deficientes pelas violências morais e psíquicas que atentam contra a integridade da pessoa, contra sua identidade, contra sua segurança e estabilidade: pelas expulsões da terra, insalubridade, barreiras arquitetônicas, rotação de mão de obra, tratamento desumano, violação da consciência e a falta de cuidado com os mais pobres (...)".
Conclusão.
A principal razão para o grande aumento no número de pessoas com deficiência é a alteração dos instrumentos de coleta de informações, incluindo o modelo social. Por outro lado, a população com deficiência no Brasil tem crescido em decorrência do aumento na expectativa de vida da população, aliado ao também aumento da violência urbana (assaltos, violência no trânsito, entre outros motivos), alterando paulatinamente o perfil desta população que, anteriormente, era o de deficiências geradas por doenças.


Censo IBGE 2000 - População com Alguma Deficiência.

Mental: 2.848.684

Física:
- Tetraplegia, paraplegia ou hemiplegia : 955.287
- Falta de membro ou de parte dele: 466.936
TOTAL: 1.422.223

Motora:- Incapaz de caminhar ou subir escada: 588.201
- Grande dificuldade permanente de caminhar ou subir escada: 1.799.917
- Alguma dificuldade permanente de caminhar ou subir escada: 5.491.482
TOTAL: 7.879.600


Auditiva:
- Incapaz de ouvir: 176.067
-Grande dificuldade permanente de ouvir: 860.889
- Alguma dificuldade permanente de ouvir: 4.713.854
TOTAL: 5.750.810


Visual:- Incapaz de enxergar: 159.824
- Grande dificuldade permanente de enxergar: 2.398.472
- Alguma dificuldade permanente de enxergar: 14.015.641
TOTAL: 16.573.937


Há algum tempo eu procurava estes dados em que a diversidade dentro da deficiência estivesse quantificada para que nos fosse permitido dirigir nossas reivindicações de ajudas técnicas de um modo mais objetivo.

Sempre que se fala em surdez os representantes de entidades citam números globais em que não podemos distinguir os diferentes tipos de surdez que requerem diferentes tratamentos e medidas de inclusão.

Gostaria de saber quantos surdos usam Libras, quantos usam prótese auditivas, quantos são oralizados, quantos usam implantes, quantos usam leitura labial.
Infelizmente os números globais acabam mascarando nossa diversidade e quando se trata do assunto surdez a maioria das pessoas imagina que surdos são os que não ouvem nada ou quase nada e se comunicam exclusivamente usando língua de sinais (no Brasil se chama libras).

Em eventos ou lugares públicos é comum oferecerem intérpretes de libras a surdos que não fazem uso desse meio de comunicação. Já aconteceu comigo e com vários SULP.

Com os dados do Censo de 2000 já podemos raciocinar de outra maneira, são dados ultrapassados mas já é um começo

sexta-feira, 22 de maio de 2009

PRECISAMOS DE SUA ADESÃO


PRECISAMOS NOS UNIR NA LUTA PELOS NOSSOS DIREITOS: CONHEÇA NOSSO MANIFESTO

http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/3657

Já assinaram:
SARINA ROBERTAROSA CELESTEJOÃO CARLOSARLENEMARÍLIAMÁRCIA REGINAEMANUELLETHALESPAULoGUSTAVOSÉRGIOMARIANAMÍRIANTÂNIAIARA MARIACLAISY,NATÁLIAMARIANATATIANACAMILAALDASANDRAMARAALESSANDRACARLOS AMARIA CRISTINAANA CRISTINA,JOSÉ ANTONIO,EDUARDO,ANA SALEMeCAMILAF.CAROLINaP.FLÁVIAJOSEARTURTEREZACRISTINA,CRISTHYNE,ATILA,MÁRCIA, CÁTIA APARECIDA SAMUEL VICENTE ISAAC, ROBERTO E FERNANDO DELLA S.MARCELO Z.YURIRENATA CHRISTINADÉBORA PRISCILAROBERTO R.JORGE VÍTORELIZABETH L.V.ALESSANDRA CRISTINAJULIANA L.EVANDROF.DIÉFANITHAIS B.LUÍS CLÁUDIOANDREI B.MARIA DA GLÓRIADRAUZIOSIMONESÔNIACRISTINA.

Agradecemos a todas e todos e esperamos novos amigos...

Nossa comunidade no Orkut:

http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=78601181

quinta-feira, 21 de maio de 2009

REPORTAGEM SOBRE IMPLANTE COCLEAR

http://video.globo.com/Videos/Player/Entretenimento/0,,GIM1035159-7822-IMPLANTE+COCLEAR,00.html

Transcrição do programa feita pela empresa Steno:
http://www.iguale.com.br/MAIS.doc


Infelizmente o programa não é legendado (Ver acima link para a transcrição) mas mesmo assim pode ser útil para quem queira saber um pouco mais sobre implante coclear e seus resultados porque mostra adultos e crianças que receberam o implante.
Pode ser útil a pais e parentes de pessoas surdas.
Se conseguirmos legendar com a ajuda de voluntários colocaremos aqui.
Grupos de surdos protestaram porque o médico usa a expressão "pária" para se referir a uma pessoa surda impedida de se integrar.

Acredito que apesar dessa expressão preconceituosa e infeliz com a qual não concordo, o vídeo contém informação importante.
Não é evitando assuntos polêmicos que podemos crescer em nossa busca por integração.
Esta mensagem é de minha exclusiva responsabilidade e não significa a opinião dos outros membros do SULP e colaboradores deste blog.
SÔNIA MARIA RAMIRES DE ALMEIDA.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

ANIVERSÁRIO DO BLOG ASSIM COMO VOCÊ

http://assimcomovoce.folha.blog.uol.com.br/

ISSO SIM É QUE É FESTA!!!!!!
VEJA O VÍDEO!!!!! ESTIVERAM PRESENTES ESTA QUE VOS FALA E A LAK LOBATO DA COMU SURDOS ORALIZADOS...
UM BLOG PARA COMEMORAR A VIDA E AS PEQUENAS VITÓRIAS DE TODOS OS DEFICIENTES
...

domingo, 17 de maio de 2009

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O TRONO ACÚSTICO DE D. JOÃO VI

Trono acústico criado por F.C. Rein em 1819 para ser utilizado por D. João VI.
Está descrito e ilustrado por Elisabeth Bennion no seu livro Antique Hearing Devices.

As primeiras cadeiras acústicas foram feitas por Duguet em 1706 e segundo ela relata "a mais engenhosa de todas estas cadeiras foi este trono acústico feito por Rein em 1819 para a surdez do Rei D. João VI" e os braços desta foram esculpidos em forma de leões com duas grandes bocas abertas.

Ainda segundo Elisabeth Bennion..."embora contrariados, os cortesãos eram obrigados a se ajoelhar e falar junto à boca dos leões levando suas palavras até os ouvidos do Rei..."
O trono certamente foi feito segundo as diretrizes da F.C.Rein de modo a acondicionar os ressoadores inventados por este, que, escondidos nos lados e no fundo do trono amplificavam os sons que eram dirigidos por um tubo até os ouvidos do rei.

Informações retiradas do:
Catálogo da Exposição LABORATÓRIO DO MUNDO - Ideias e saberes do Século XVIII
Pinacoteca - Imprensa Oficial - São Paulo - 2004





Ao longo do tempo vários recursos foram usados para superar a perda da audição:


A palma da mão em concha colocada atrás da orelha (pavilhão auricular).


No século XVIII: Cornetas acústicas de origem animal e depois de outros materiais como couro, madeira, metal, etc.


Em 1700-1800: Adaptação das cornetas em leques, guarda-chuvas, chapéus, poltronas, sob a barba ou no cachimbo com o objetivo de escondê-las.


Uso de um tubo para facilitar a comunicação em lugares ruidosos.

Colocação de uma haste metálica entre os dentes para transmissão do som por via óssea.

Colocação de uma haste de madeira entre os dentes e apoiada no piano, de forma a poder perceber as vibrações utilizado pelo compositor Ludwig V. Beethoven (1770-1827).


Em 1819 “trono acústico” , o apoio deste trono apresentava a forma de uma cabeça de leão contorcida, de modo que as cavidades conduziam a uma caixa de ressonância, colocada embaixo do assento.


Em 1876 invenção do telefone por Alexander Graham Bell, usando um microfone magnético e um sistema que fornecia pequena amplificação com o objetivo de ajudar a sua esposa que era surda.


Em 1878, usando a tecnologia do telefone, inventaram os transmissores de carbono, permitindo melhor amplificação.


Em 1900, o primeiro aparelho auditivo elétrico formado por um microfone de carbono unido a uma bateria e um receptor magnético.


Em 1902, o primeiro aparelho de carbono disponível comercialmente.12 – Em 1920, uso da válvula eletrônica nos aparelhos auditivos.


Em 1930, substituição dos aparelhos a carbono pelos aparelhos a válvula.


Em 1940, introdução da bateria de mercúrio, foi possível reduzir o tamanho do aparelho ao de um bolso.


Em 1950, com a invenção do transistor permitiu a fabricação dos aparelhos embutidos em hastes de óculos


Com o circuito integrado(microfone e receptor), iniciou a confecção dos aparelhos retroauriculares (década de 60).


Surgimento dos aparelhos intra-auriculares.


Aparelhos intra-canais(década de 80).
Informações da página:
http://www.aparelhosauditivosecia.com.br/historia-aparelho-auditivo.html

Mais informações:

http://www.revistamuseu.com.br/upload/mhn_real_cadeira_acustica.jpg

http://beckerexhibits.wustl.edu/did/rarebks/spv.htm


http://surtec.sur10.net/tecnologia/historia-da-tecnologia/

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A INCLUSÃO SOCIAL DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO BRASIL

PDF Guia - A Inclusão Social das Pessoas com Deficiência no Brasil: como multiplicar esse direito.

Disponível no link:

http://www.institutoparadigma.org.br/site/

terça-feira, 12 de maio de 2009

IMPLANTE COCLEAR - Encontro

ENCONTRO CARIOCA DE IC

Estamos contando com sua presença no Encontro Carioca de IC. Este ano escolhemos um local que é a cara do Rio de Janeiro, esperando promover um encontro agradável e rico em trocas de informação como sempre tem sido.

Ele acontecerá no dia 6 de junho as 12hs, na Praia Vermelha - Urca, no restaurante do Círculo Militar, Praça General Tibúrcio, sem número.
Vocês poderão chegar por vários meios:De metrô: na estação Botafogo, pegar integração e saltar em frente à UNIRIO e caminhar uns 100 metros até lá.De ônibus: na Central do Brasil pegar o ônibus 107.De carro: tem estacionamento nos arredores da Praia Vermelha.
No restaurante a comida é a quilo, atualmente, 100 gramas está R$3,50.

O convite está em anexo e pedimos que confirmem presença até o dia 31 de maio, para que possamos fazer as reservas.

Aguardamos todos vocês, ansiosos e felizes pelo nosso encontro.
Um abraço e até lá!
Comissão organizadora,Gil Lita Marcus Mônica Patty

εϊз Patty
Convite ...
http://www.orkut.com.br/Main#AlbumZoom.aspx?uid=10770576724390794705&pid=1238709158480&aid=1238683908$pid=1238709158480


Marcus
Link para o convite:

http://marcus.valle.fotoblog.uol.com.br/

domingo, 10 de maio de 2009

CURSO DE CALIGRAFIA NAS FACULDADES DE MEDICINA?

http://br.noticias.yahoo.com/s/10052009/25/manchetes-medicos-sao-multados-letra-ilegivel.html


QUEM NÃO PASSOU POR DÚVIDAS AO TENTAR LER UMA RECEITA OU SABER COMO TOMAR AS DOSES?

SE UM MÉDICO NÃO QUER SE DAR AO TRABALHO DE ESCREVER COM LETRA LEGÍVEL QUE USE O COMPUTADOR, OU SERÁ QUE TAMBÉM NÃO APRENDEU A DIGITAR?



Médicos são multados por letra ilegível em receita no PR

SÓ NO PR? QUE PENA PRECISAMOS QUE ISSO SEJA ADOTADO EM TODO A BRASIL!!!!!!

A Vigilância Sanitária de Londrina, no norte do Paraná, multou três médicos por prescreverem receitas com letra ilegível para pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Cada profissional recebeu multa de R$ 2 mil e podem apresentar defesa por escrito em 15 dias.


"Espero que não seja de próprio punho", (gostei da ironia...)
disse o diretor da Vigilância Sanitária, Rogério Lampe. Se a justificativa não for aceita, a multa será confirmada.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Entrega de próteses auditivas em São Paulo

http://www.pessoacomdeficiencia.sp.gov.br/sis/lenoticia.php?id=295&c=31


Secretária entrega prótese auditiva; Cema comemora distribuição de 30 mil

Cerimônia no Instituto Cema marcou a entrega da prótese de número 30 mil distribuída pela entidade.


"O uso da prótese faz a diferença entre estar ou não incluído na sociedade", destacou a Dra. Linamara.

A Secretária de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Dra. Linamara Rizzo Battistella, participou, no dia 4 de maio, da cerimônia de entrega da prótese auditiva número 30 mil do Instituto Cema de Oftalmologia e Otorrinolaringologia. A Secretária realizou a entrega de uma prótese à paciente Maria del Carmo, de 92 anos. Também estiveram presentes na solenidade o governador José Serra, o prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab, o Secretário de Estado de Saúde, Luiz Roberto Barradas, e o diretor-presidente do Instituto Cema, Guido Aquino.

As próteses são entregues gratuitamente à população brasileira por meio do SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2000.

À época, o Ministério da Saúde editou uma Portaria que instituiu um programa de adaptação de próteses auditivas para pessoas de baixa renda. Cada par de próteses como as que foram entregues hoje custa entre R$ 6 mil e R$ 10 mil.

"A pessoa com deficiência auditiva é a que mais se beneficia do uso das ajudas técnicas", destacou a Secretária, Dra. Linamara.
Segundo ela, "a prótese faz a diferença entre estar ou não incluído na sociedade, produzindo e devolvendo à sociedade o que lhes foi dado na forma de assistência à saúde".


Em 2007, "o estado de São Paulo ofereceu 36 mil próteses auditivas, o que significou um investimento de mais de 40 milhões de reais, fazendo com que a possibilidade da audição e, portanto, da inclusão social, se tornasse uma realidade. É preciso que a sociedade se mobilize para que essa realidade continue presente", concluiu.

Segundo dados da Secretaria da Saúde, o Governo do Estado repassou cerca de R$ 4,5 milhões para o Instituto Cema nos últimos 18 meses. Além da aquisição de equipamentos, os recursos foram aplicados na realização de obras e no pagamento de consultas e exames. Instalado há 33 anos na zona leste da capital, o Cema conta com 250 médicos que atendem mais de 45 mil pacientes por mês. O instituto, uma entidade filantrópica com características semelhantes às de um hospital, é voltado à prevenção de doenças que atingem olhos, ouvidos, nariz e garganta.

Entrega de próteses auditivas

Quatro próteses auditivas foram entregues, entre as quais, a de número 30.000, pelo governador, José Serra, a Leonardo José Santos da Silva, de dez anos de idade. O diretor-presidente do Cema, Guido Aquino entregou um aparelho à Paula Cíntia Gomes da Silva, 25 anos. A Secretária, Dra. Linamara Rizzo Battistella fez a entrega à Maria Del Carmem Rivas Martinez, 92 anos, espanhola e há 56 anos no Brasil. O secretário da Saúde, Dr. Luiz Roberto Barradas Barata, entregou prótese à Eva Maria Cardoso Nogueira, 60 anos.


Informação complementar:

Ministério da Saúde - Serv. Atenção Saúde Auditiva
Indicadores de serviços especializados no Brasil

Serviço de atenção à saúde auditiva

S U S

Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação, Terapia Fonoaudiológica, Implante coclear

Clicando no endereço abaixo você poderá selecionar o Estado, a Cidade em que existe prestação de serviços referentes à saúde auditiva.


http://cnes.datasus.gov.br/Mod_Ind_Especialidades.asp?VEstado=00&VMun=00&VTerc=00&VServico=107&VClassificacao=00&VAmbu=&VAmbuSUS=1&VHosp=&VHospSUS=1

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Deficientes e cotas

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090501/not_imp363759,0.php


Matéria do Estadão traz pontos de vista muito importantes sobre cotas na educação.
Talvez se tivessem acesso às ajudas técnicas necessárias estudantes deficientes poderiam ter as mesmas oportunidades que os demais.
Vale a pena ler e refletir.



Deficientes devem ter vagas no ensino?

SIM:
Mara Gabrilli*


Se o Brasil fosse a Suécia talvez entendêssemos a reserva de cota nas instituições e universidades públicas como uma solução assistencialista. Porém, num país onde o índice de pessoas com deficiência no ensino superior é de apenas 0,1% contra os 23,7% do restante da população e somente 16,4%, num universo de 17 milhões de pessoas com deficiência, chega ao ensino médio, a discussão é muito mais ampla e tem origem num processo de exclusão histórica.

O acesso da pessoa com deficiência à educação esbarra não só na porta de entrada, que é o vestibular ou a matrícula. A falta de acesso está nos prédios das instituições de ensino, sem elevadores ou rampas, banheiros inadequados, no conteúdo do ensino, que não é acessível a alunos com limitações de visão ou fala, nos professores pouco capacitados.

Com a bagagem educacional limitada a escalada é cada vez mais árdua. Sem mencionar o preconceito refletido na descrença da capacidade de desenvolvimento dos portadores de algum tipo de necessidade especial.

Infelizmente, no Brasil, a cidadania não é inerente ao cidadão, ela é impetrada. As políticas compensatórias atingem o objetivo de ensinar a população a respeitar o direito de uma parcela prejudicada dos cidadãos, excluída por tempo demais e que sem essa equiparação de oportunidade continuará à margem da sociedade.

Com a oportunidade de entrada das pessoas com deficiência na universidade, todo um processo de exclusão será evidenciado e os espaços de ensino terão de se adequar.

Traçando um paralelo, a Lei 8.213/91 - que estipula cota de contratação nas empresas para pessoas com deficiência - gerou polêmicas e hoje apresenta resultados tão positivos que suplantam qualquer posição contrária à sua aprovação. Por outro lado, as empresas, para cumprir a cota, assumiram um ônus do poder público e estão se transformando em escolas, já que os profissionais com deficiência carecem de formação básica (ensino fundamental e médio) e somente 2% deles estão trabalhando. Exatamente por isso será que não é o momento de as escolas privadas também darem oportunidade de acesso a pessoas com deficiência?

Assistencialismo é oferecer benefícios que somente servem para perpetuar uma situação de exclusão, sem contribuir para a evolução desses indivíduos como cidadãos que podem ser decisivos para o progresso do nosso País. Só lhes falta a oportunidade.

* Vereadora, ex-secretária municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, psicóloga, publicitária, tetraplégica e presidente do Instituto Mara Gabrilli



NÃO:
José Arthur Giannotti*



Uma universidade deve cumprir, no mínimo, três funções: 1) formar cidadãos conscientes; 2) qualificá-los para o mercado de trabalho; 3) criar uma elite que enfrente os desafios postos pelas fronteiras da técnica e do conhecimento. Não se trata de uma elite econômica, social ou fechada nela mesma, mas tão só de pessoal capacitado para colocar em xeque ideias estabelecidas, técnicas consagradas, pensamentos paradigmáticos.

A seleção para essa elite deve ser aberta a todos, mas que tenham talentos específicos. Um grande artista pode não ter paciência para enfrentar as tarefas do pensamento abstrato e da manipulação dos signos. Em contrapartida, os grandes matemáticos são em geral muito jovens e têm grandes intuições sem dominarem totalmente os matizes de sua disciplina.

É um suicídio reservar vagas nas escolas preparatórias dessas elites. Para enfrentar a massificação do ensino universitário, a França reforçou as Grandes Escolas, os Estados Unidos, as universidades da Ivy league, cada país inventa sua solução. Ainda não temos essa linha que separa o ensino massificado e aquele de elite; arrombar a universidade por meio de cotas potencializa o problema.

Sou inteiramente favorável a ações afirmativas, mas dirigidas a lugares apropriados. Uma escola pública não é lugar onde seus membros se distingam pela raça. Mas importam cotas sociais, desde que se criem programas destinados aos alunos capazes de formar elites.

O que significam as cotas para os deficientes físicos? Antes de tudo confundir alhos com bugalhos. Os desafios de quem tem dificuldade em se locomover não se confundem com os de surdos e mudos. Os primeiros precisam ser transportados e isso já começa no ensino médio. Para que um surdo assista às aulas necessita aprender a ler lábios assim como de auxílio nas leituras complementares. Conheço exemplos de alunos americanos surdos, mas que estudam sem privilégios, com o auxílio da família e de escolas especializadas.

E os cegos? Tivemos na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP um colega cego, o professor Assis Simão. Foi um excelente professor, mas tinha uma esposa solidária, que o acompanhava e lia para ele os textos conforme eram publicados.

Em resumo, os deficientes físicos precisam de ajudas específicas, diferentes para cada deficiência e para cada nível de ensino. Simplesmente jogá-los na universidade é fazer-lhes uma promessa desonesta, que poderá arruinar suas vidas. O Brasil caiu na demagogia deslavada. Os Poderes da República se desmoralizam. Muitos membros do Legislativo estão perdendo a moral e o bom senso.

* Filósofo, professor titular do Departamento de Filosofia da Universidade de São Paulo




Esta outra notícia mostra bem o problema da inclusão de alunos com algum tipo de deficiência sensorial como é o caso dos surdos.
Será que somente contratar tradutor de Libras resolve o problema? Em que níveis isso é necessário?
Porque não existe um ensino do português que habilite o aluno a poder utilizar mais intensivamente material escrito e a se tornar mais independente?



Globo.com



O Portal de Notícias da Globo

05/05/09 - 11h46 - Atualizado em 05/05/09 - 11h50
http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1109275-5604,00.html


Professor se nega a dar aula para aluno com deficiência auditiva
Governo do Paraná abrirá edital para contratar tradutor.
Secretaria diz que tem 398 tradutores de Libras na rede.

Do G1, em São Paulo, com informações do Portal RPC*


Falta de intérprete para surdos deixa escola como a segunda pior, diz diretora 97,6% dos cursos supletivos do país estão abaixo da média nacional no Enem Opinião: Pressa na mudança do Enem aumenta a insegurança dos vestibulandos Metade das escolas do Sudeste não alcança média nacional do Enem Escola privada do Rio, última colocada, diz que ranking do Enem é injusto MEC divulga as melhores e as piores escolas no Enem 2008
--------------------------------------------------------------------------------
Um professor de inglês do Colégio Estadual Helena Kolody, no bairro Jardim Monza, em Colombo, na região metropolitana de Curitiba, recusa-se a dar aula para uma turma da 5ª série que possui um aluno surdo.
A diretoria da escola foi comunicada pelo professor na semana passada. A Secretaria de Estado da Educação (Seed) vai publicar um edital em caráter emergencial para a contratação de um tradutor de Libras (linguagem de sinais).
O caso revoltou a mãe do estudante de 11 anos. Segundo ela, até o ano passado o filho estudava em uma escola especial. Neste ano, quando ele ingressou na 5ª série, a opção foi por matriculá-lo em uma escola regular.
Segundo a chefe do Departamento de Educação Especial e Inclusão Educacional da Seed, Angelina Carmela Romão Mattar Matiskei, o colégio está tendo apoio do Centro de Atendimento à Surdez da Secretaria e até o fim desta semana deverá contar com um tradutor de libras.






Mais informação sobre deficientes e universidade:

http://khronopedia-je.incubadora.fapesp.br/portal/pne/knpspne/numero-de-portadores-de-deficiencia-nas-universidades-cresceu-179-em-5-anos

segunda-feira, 4 de maio de 2009

MUTIRANDO...ideias e ações.

Mutirar é um verbo que mesmo não estando no dicionário a gente poderia praticar com muito proveito.

No Aurélio existe
Mutirão (do Tupi moti'rõ): auxílio gratuito que prestam uns aos outros os lavradores,

reunindo-se todos da redondeza e realizando o trabalho em proveito de um só, que é o beneficiado, mas que nesse dia faz as despesas de uma festa ou função.

Na verdade o sentido original se expandiu e mutirão passou a ser um trabalho coletivo para construir casas, fazer melhorias em algum lugar, trabalho conjunto em tarefas diversas, cujo objetivo é sanar ou aliviar uma situação em que algo está faltando.

Vejo grupos de mulheres que fazem quadradinhos de tricô ou crochê que costurados vão fornecer cobertores para o inverno de entidades e pessoas carentes...é uma bela idéia que mostra a união do esforço individual para o bem comum.

Estive pensando em ações interessantes que ocorreram na Argentina, no âmbito dos deficientes auditivos: uma fonoaudióloga recolhe aparelhos auditivos usados, conserta e distribui a pessoas que deles necessitam e não podem comprar.

Um senhor que usa aparelhos auditivos doou um sistema de amplificação por indução magnética para uma sala da prefeitura de sua cidade.



Os exemplos mostram que sempre há gente de boa vontade colocando seu tempo, conhecimento, recursos financeiros ou o que tiver para ajudar os demais.

Voltando à palavra mutirão tão encantadora em sua sonoridade tupi como na ideia de trabalho coletivo lembrei dos meus tempos de colégio estadual "Alexandre de Gusmão" do bairro do Ipiranga, São Paulo, anos 60.

O prédio do colégio andava meio "feinho", algumas meninas começaram a lixar suas carteiras e a encerar para tirar tantos corações e nomes escritos ao longo dos anos, os meninos resolveram pintar paredes, algumas mães fizeram cortinas e nossa iniciativa saiu até em reportagem de TV. Naquele tempo era preto e branco e não existia em todo o Brasil!!! Acho que foi na saudosa TV Tupi.

Tenho pensado em juntar gente para conseguir a doação de equipamentos para oferecer som amplificado por indução em teatros e salas de concerto. Servirá para quem usa aparelho auditivo ter um som límpido, sem interferências. Até agora a briga maior foi para descobrir quem fornece esses aparelhos que não são fabricados no Brasil; porque mesmo que conseguíssemos o dinheiro e a boa vontade de um patrocinador cultural a empresa não respondeu às minhas repetidas consultas sobre como importar esse equipamento que conheço porque está instalado em vários cinemas, teatros e salas de uso coletivo da Argentina.

E a gente poderia fazer mutirões para conseguir impressoras de Braille, gravar textos, fazer doação de piso sinalizado para cegos, promover a construção de rampas e banheiros mais amplos para cadeirantes...sem ficar dependendo de leis e governo.
Mutirão já!
Já pensaram numa escola, num fim de semana os pais, amigos, alunos, gente da comunidade construindo rampas onde não existem? Reformando banheiros? Fazendo obras que não seriam úteis somente para os deficientes mas para a comunidade em geral. Arquitetos e engenheiros poderiam doar conhecimento, outros oferecer mão de obra e até mesmo doar sacos de cimento e materiais. Porque esperar ações oficiais pode demorar muito.

Claro que esta não é uma ideia original mas gostaria que nossos amigos sugerissem como colocar em prática alguma coisa nesse sentido.
Não querendo tudo ao mesmo tempo mas fazendo uma coisinha aqui, outra ali.
Como as mulheres que juntam quadradinhos de tricô e crochet, como minha irmã e outras amigas que passam o tempo livre costurando vestidinhos para doar e quem não sabe costurar oferece tecidos, botões, linhas...

É como sair limpando o rio Tietê, plantando árvores, reciclando o lixo, eliminando criadouros de mosquito...tem tanta coisa que a gente pode fazer pela gente mesmo e pelos demais.
Aceitamos sugestões e quem sabe num fim de semana estaremos juntos misturando cimento para fazer uma rampa numa escola, plantando uma horta comunitária, juntando livros para bibliotecas públicas...
Soramires

sábado, 2 de maio de 2009

Notícias sobre surdez, aparelhos, pesquisas, etc

Queridos amigos, as notícias estão em espanhol e aparentemente são fáceis de ler mas se alguém não entender e quiser a tradução de alguma das reportagens abaixo é só pedir que publicaramos aqui. Para quem tiver dúvidas sobre uma ou outra palavra também estamos à disposição.
Sôramires
La pérdida de audición: Se aproxima una epidemia a los EE.UU.

El uso de los reproductores de audio individuales y una sociedad que envejece puede acabar en una epidemia de...

Lea el texto entero aquí:
http://www.spanish.hear-it.org/page.dsp?page=6465

El volumen de ruido en las discotecas es excesivo
Puede que suene a prejuicio fácil de una generación más vieja, pero la verdad es que muchos de los propietarios de...

Lea el texto entero aquí:
http://www.spanish.hear-it.org/page.dsp?page=6468

Antropología: La evolución del oído sigue su curso
Nuestros oídos continúan adaptándose al habla humana, dicen los antropólogos que han descubierto que los genes asociados a la audición han evolucionado...

Lea el texto entero aquí:
http://www.spanish.hear-it.org/page.dsp?page=6477

La pérdida de audición afecta a las relaciones con familiares y amigos

Durante 2008 hear-it ha realizado una serie de encuestas online sobre el día a día y la situación...

Lea el texto entero aquí:
http://www.spanish.hear-it.org/page.dsp?page=6481

Día Internacional de Concienciación contra el Ruido

El ruido nos rodea, lo que hace que la pérdida de audición inducida por ruido sea cada vez más común a todas las...

Lea el texto entero aquí:
http://www.spanish.hear-it.org/page.dsp?page=6482

Ajustes en el oído para restablecer la audición

Los científicos creen posible realizar ajustes en la cóclea para evitar que el sonido tenga que atravesar las partes dañadas. Sin embargo,...

Lea el texto entero aquí:
http://www.spanish.hear-it.org/page.dsp?page=6487

Se necesita más información

No tenemos muchos conocimientos sobre lo que supone utilizar audífonos. Hear-it quiere cambiar esta situación con una breve encuesta. Si usted utiliza audífonos puede ser de...

Lea el texto entero aquí:
http://www.spanish.hear-it.org/page.dsp?page=6504

Sistemas de inducción magnética en centros de ocio

Muchos países han aprobado leyes de accesibilidad que exigen el uso de la última tecnología en lugares públicos para romper con las...
Lea el texto entero aquí:
http://www.spanish.hear-it.org/page.dsp?page=6506

PESSOA PORTADORA DE DEFICIÊNCIA E COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL (Simone Brazil)



A judia alemã Anne Frank, um dos símbolos do holocausto, já dizia que homens e mulheres têm dentro de si um fragmento de boas notícias. A boa notícia, segundo a escritora, é que alguns seres humanos não descobriram o quanto de extraordinário eles podem ser consigo e com os outros, ou seja, muitos ainda não possuem consciência do seu potencial para amar, executar tarefas e se relacionar de forma harmônica respeitando as diferenças.

É devido ao fato de nós, seres humanos com características diferentes, desempenharmos atividades diárias baseadas em interações que, neste Dia Mundial do Trabalho, atrevo-me a fazer analogias das idéias de Anne com as empresas que abrigam pessoas portadoras de deficiência. Nesse caso, é bem possível que você, enquanto colaborador (com ou sem limitação física, visual, auditiva, mental), também desconheça o seu potencial para desenvolver uma comunicação eficaz. E é partindo do pressuposto de que podemos ser despertados a qualquer momento para sentimentos nunca antes percebidos que pergunto: “como é possível acordar uma consciência íntima?”

Para alguns, somente Sigmund Freud explica! Agora, o pai da psicanálise pode não explicar, nos conflitos comportamentais, o mesmo que eu defendo. E em minha opinião, para aquele "estalinho mágico" acontecer é necessário treinar o ser humano com o objetivo de estimular a sua capacidade de autoconhecimento. Muitos jovens portadores de deficiência, por exemplo, são criados pela família como seres incapazes de realizar tarefas rotineiras. Alguns deles, ao entrar no mercado de trabalho, se não incentivados, tendem a ter um comportamento defensivo. A baixa auto-estima faz com que o deficiente imagine preconceitos.



Mas não acredito que só a família possa avaliar antecipadamente. Colaboradores ditos “normais”, às vezes, também sentenciam. Em reportagem sobre o mercado de trabalho e as pessoas com deficiência, veiculada numa revista aqui em Maceió (AL), entrevistei uma assistente social, chamada Ana Karyne. Ela relatou-me alguns casos de empregados, sem qualquer limitação física ou mental, que delegaram suas tarefas para colegas portadores de necessidades especiais. Por vergonha ou receio de ficarem marginalizados, as pessoas com deficiência aceitaram aquela situação por um bom tempo.

Os gestores também têm participação no processo de comunicação nas instituições. Ainda na mesma reportagem, o auxiliar em manutenção e portador de deficiência motora, chamado Cícero Izidoro, confidenciou-me situações vivenciadas no emprego. Logo ao ser contratado, ele foi aconselhado pelo gerente a evitar excessos de intimidade com alguns colaboradores da instituição. Na verdade, as fofocas, já existentes no ambiente empresarial, indicavam a possibilidade de futuros problemas de relacionamento interpessoal.

Uma organização é antes de tudo formada por pessoas de carne e osso! Gente que sente alegria e tristeza, raiva e carinho. Gente que ouve indistintamente e compreende (ou não) aquilo que escuta. Os bons relacionamentos no ambiente de trabalho podem ser estimulados através de exercícios e ações baseadas em dinâmicas de grupos. Nos exercícios é fundamental vivenciar situações de companheirismo, sempre estimulando a empatia. São atividades assim que excitam o autoconhecimento e, quem conhece a si mesmo, tem maiores possibilidades de melhorar sua relação com o próximo.
http://www.tosabendo.com/noticias.asp?id=10056