Mutirar é um verbo que mesmo não estando no dicionário a gente poderia praticar com muito proveito.
No Aurélio existe
Mutirão (do Tupi moti'rõ): auxílio gratuito que prestam uns aos outros os lavradores,
reunindo-se todos da redondeza e realizando o trabalho em proveito de um só, que é o beneficiado, mas que nesse dia faz as despesas de uma festa ou função.
Na verdade o sentido original se expandiu e mutirão passou a ser um trabalho coletivo para construir casas, fazer melhorias em algum lugar, trabalho conjunto em tarefas diversas, cujo objetivo é sanar ou aliviar uma situação em que algo está faltando.
Vejo grupos de mulheres que fazem quadradinhos de tricô ou crochê que costurados vão fornecer cobertores para o inverno de entidades e pessoas carentes...é uma bela idéia que mostra a união do esforço individual para o bem comum.
Estive pensando em ações interessantes que ocorreram na Argentina, no âmbito dos deficientes auditivos: uma fonoaudióloga recolhe aparelhos auditivos usados, conserta e distribui a pessoas que deles necessitam e não podem comprar.
Um senhor que usa aparelhos auditivos doou um sistema de amplificação por indução magnética para uma sala da prefeitura de sua cidade.
Os exemplos mostram que sempre há gente de boa vontade colocando seu tempo, conhecimento, recursos financeiros ou o que tiver para ajudar os demais.
Voltando à palavra mutirão tão encantadora em sua sonoridade tupi como na ideia de trabalho coletivo lembrei dos meus tempos de colégio estadual "Alexandre de Gusmão" do bairro do Ipiranga, São Paulo, anos 60.
O prédio do colégio andava meio "feinho", algumas meninas começaram a lixar suas carteiras e a encerar para tirar tantos corações e nomes escritos ao longo dos anos, os meninos resolveram pintar paredes, algumas mães fizeram cortinas e nossa iniciativa saiu até em reportagem de TV. Naquele tempo era preto e branco e não existia em todo o Brasil!!! Acho que foi na saudosa TV Tupi.
Tenho pensado em juntar gente para conseguir a doação de equipamentos para oferecer som amplificado por indução em teatros e salas de concerto. Servirá para quem usa aparelho auditivo ter um som límpido, sem interferências. Até agora a briga maior foi para descobrir quem fornece esses aparelhos que não são fabricados no Brasil; porque mesmo que conseguíssemos o dinheiro e a boa vontade de um patrocinador cultural a empresa não respondeu às minhas repetidas consultas sobre como importar esse equipamento que conheço porque está instalado em vários cinemas, teatros e salas de uso coletivo da Argentina.
E a gente poderia fazer mutirões para conseguir impressoras de Braille, gravar textos, fazer doação de piso sinalizado para cegos, promover a construção de rampas e banheiros mais amplos para cadeirantes...sem ficar dependendo de leis e governo.
Mutirão já!
Já pensaram numa escola, num fim de semana os pais, amigos, alunos, gente da comunidade construindo rampas onde não existem? Reformando banheiros? Fazendo obras que não seriam úteis somente para os deficientes mas para a comunidade em geral. Arquitetos e engenheiros poderiam doar conhecimento, outros oferecer mão de obra e até mesmo doar sacos de cimento e materiais. Porque esperar ações oficiais pode demorar muito.
Claro que esta não é uma ideia original mas gostaria que nossos amigos sugerissem como colocar em prática alguma coisa nesse sentido.
Não querendo tudo ao mesmo tempo mas fazendo uma coisinha aqui, outra ali.
Como as mulheres que juntam quadradinhos de tricô e crochet, como minha irmã e outras amigas que passam o tempo livre costurando vestidinhos para doar e quem não sabe costurar oferece tecidos, botões, linhas...
É como sair limpando o rio Tietê, plantando árvores, reciclando o lixo, eliminando criadouros de mosquito...tem tanta coisa que a gente pode fazer pela gente mesmo e pelos demais.
Aceitamos sugestões e quem sabe num fim de semana estaremos juntos misturando cimento para fazer uma rampa numa escola, plantando uma horta comunitária, juntando livros para bibliotecas públicas...
Soramires
4 comentários:
Você sabia que a Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias mantém um programa voluntário que em feriados tipo sete de setembro fazem pequenas reformas em escolas em todo Brasil. O programa chama-sw Mãos que Ajudam. Vou entrar em contato e sugerir melhorias que beneficiem os portadores de necessidades especiais.
elizabeth boa lembrança...obrigada
Soramides!
Encontrei seu texto e este blog quando cliquei no google MUTIRAR... Participei recentemente do MUTIRÃO ECUMÊNCIO - Sulãi VI com representantes de igrejas cristãs dos 4 estados do sul do Brasil e antes de ontem refletia sobre a nossa pátria a a importância de MUTIRAR POR ELA....
E me alegro em ver suas propostas de muritar em prol dos/as portadores de necessidades especiais. Sou luterano do IECLB e nossa igreja a muitos anos está MUTIRANDO pelas PPDs... como chamamos e fiquei contente em ser seus texto e suas proposições e desafios de MUTIRÃO... e não resisti de escrever...
Um abraço
Evandro
Evandro, obrigada por me trazer de volta este texto...um abraço!
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