quinta-feira, 10 de outubro de 2013

SURDOS ORALIZADOS SEM ACESSIBILIDADE PARA ESTUDAR EM UNIVERSIDADES

Estamos constantemente lembrando aos gestores culturais, escolares, organizadores de eventos etc. que precisam aprender a respeitar a acessibilidade para todo tipo de deficiência
No caso dos surdos é comum pensarem que basta colocar intérprete de língua de sinais e está tudo resolvido.
Estamos sempre enfatizando QUE NEM TODO SURDO USA LÍNGUA DE SINAIS.
OS SURDOS USUÁRIOS DE APARELHOS AUDITIVOS E IMPLANTES, QUE SE COMUNICAM NA LÍNGUA PORTUGUESA PRECISAM DE EQUIPAMENTOS DE AMPLIFICAÇÃO ESPECIAL SEJA  FM (DE USO INDIVIDUAL) SEJA O ARO MAGNÉTICO (DE USO COLETIVO) E PRINCIPALMENTE  O TELÃO COM REPRODUÇÃO DO QUE ESTÁ SENDO DITO, DIGITADO POR ESTENOTIPISTA NOS EVENTOS AO VIVO E LEGENDAGEM EM FILMES, AUDIOVISUAIS E TEATRO.
Pela falta desses recursos acabamos sendo excluídos do lazer e dos eventos culturais.  
Mas é tremendo saber que muitos estudantes são deixados de fora de escolas e universidades pela falta de recursos de acessibilidade, que permitam acompanhar as aulas.

RECEBI A MENSAGEM ABAIXO E CONFESSO ME SENTI MUITO ANGUSTIADA DIANTE DA FALTA DE RECURSOS DE ACESSIBILIDADE PARA ESTUDANTES SURDOS ORALIZADOS, USUÁRIOS DA LÍNGUA PORTUGUESA.   
SÓ SE FALA DE INTÉRPRETES DE LÍNGUA DE SINAIS E NADA SOBRE OS SURDOS QUE NÃO USAM ESSA MODALIDADE DE COMUNICAÇÃO.

Sem condição de estudar como obter uma boa formação profissional e poder trabalhar, exercer a cidadania, usufruir dos direitos, da informação, do lazer? 


UM ESTUDANTE QUE PERDE A AUDIÇÃO DEPOIS DE ALFABETIZADO E ORALIZADO NÃO VAI LARGAR TUDO E IR APRENDER LÍNGUA DE SINAIS SÓ PORQUE NO BRASIL  AS AUTORIDADES EDUCACIONAIS SE COMPORTAM COMO SE IGNORASSEM A EXISTÊNCIA DOS SURDOS USUÁRIOS DA LÍNGUA PORTUGUESA  ORALIZADOS, USUÁRIOS DE PRÓTESES AUDITIVAS DE TODO TIPO? ISSO É UMA TREMENDA INJUSTIÇA.


"Me chamo......  Tenho 27 anos.
Nasci com uma doença genética que por toda vida da pessoa gera tumores na cabeça, pescoço e coluna (meningiomas, schwannomas). E, a principal característica, é o aparecimento bi lateral de neurinomas. Daí, todos os portadores dessa doença em algum tempo vão perder a audição.


Perdi a audição do lado esquerdo em 2003, depois da retirada do neurinoma, e desde 2008 a audição do lado direito foi decaindo, até metade do ano passado, quando se foi quase 100%.......................

Por fim, hoje sou surdo oralizado. Uso um aparelho auditivo.......... embora me proporcione algum som (não compreensível, cheio de ruído), é melhor do que nada, mas na faculdade, não adianta de nada.
Então, eu estava pensando sobre a questão da estenotipia em sala de aula.

A faculdade (é federal) por lei é obrigada a disponibilizar o intérprete de LIBRAS, mas eu não sei nada de LIBRAS, nem tenho interesse em aprender por enquanto, e isso levaria tempo.


Assim, pensei se seria viável a faculdade pagar um serviço de estenotipia. Nem que seja entrando com ação no Ministério Público. Se, caso, fosse viável tecnologicamente também, claro. Moro em ......., e aqui com toda a certeza não tem nenhuma empresa nesse ramo.
Vi no seu blog um post sobre uma moça que estudou nos EUA usando esse serviço. Você acha que isso seria possível aqui?

Eu até tranquei a faculdade. Não tenho condição alguma de aprender sem acessibilidade. Estava sendo tratado como se ouvisse; nem o coordenador do curso fazia alguma coisa quanto à isso."


Só me resta encaminhar a mensagem à deputada Mara Gabrilli, para que tome conhecimento de mais essa dificuldade que afeta pessoas com deficiência.



4 comentários:

Flávio Scavasin disse...

Quando eu era coordenador de programas da Secretaria de Estado dos Direitos da Pessoa com Deficiência tentei que a Secretaria bancasse um trabalho voltado a transformar voz em texto nas escolas, onde o professor ficaria com um microfone e o aluno com um notebook ou tablet. O CPqD de Campinas chegou a apresentar um projeto inicial que melhoramos mas, em seguida, por ordens superiores o projeto foi cancelado. E isso foi um dos motivos que motivaram a minha saída de lá, já que também outros 18 projetos com começo, meio e fim - geralmente voltados às pessoas com deficiências sensoriais - não tiveram acolhida. Parece que quando se fala em deficiência, só se pensa em deficiência física. E olha lá, bastando ver as condições precárias de nossas calçadas. Mas eu acho que quanto à estenotipia, deve ser insistido junto ao Ministério Público e botar a boca no trombone junto à imprensa.

soramires disse...

Acontece que a imprensa quando precisa falar de surdo procura as entidades e estas são defensoras de língua de sinais e ignoram as necessidades dos surdos oralizados, essas entidades nunca nos representaram.

Anônimo disse...

So,

Eu acho que esse depoimento poderia ir para as páginas de leitores dos jornais de grande circulação; para as revistas da área da Inclusão (Reação, Sentidos e Incluir); rádios, como a CBN, têm espaços para falar de cidadania. A Lak foi entrevistada pela CBN recentemente.

Enfim, sair do "gueto".

E, como o Flavio sugere, Ministério Público já! Dr. Lauro e Dr. Julio têm se mostrado atentos e sensíveis.

REpassei prá outras listas, mas não é suficiente.

Abraços
Marta Gil

soramires disse...

Obrigada Marta e Flávio. Eu mandei cópia da mensagem à Mara Gabrilli porque trata-se de uma Universidade Federal do Norte do Brasil. Preciso ver com esse aluno se ele está disposto a dar a cara ou se teme represálias. Por isso omiti dados que possam identificá-lo. É desesperante e a gente nem sabe por onde começar a ajudar.

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