sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sobre TV e cinema nacional legendados




Porque preferimos as legendas aos programas dublados?

Soramires (para o Sulp)

Legendar programas de TV, filmes e produções audiovisuais ajudam a promover o acesso à informação, cultura, diversão, ensino, etc. do deficiente auditivo.

A legenda ajuda também as pessoas de terceira idade que perderam parte da audição.

A legenda incentiva o aprendizado do português para crianças e adultos que estão se alfabetizando, igualmente ajuda o estrangeiro a assimilar nosso idioma.

Como devem ser as legendas?

Alguns consideram que a pessoa surda tem dificuldade de compreensão do português escrito e defendem legendas condensadas.

Mesmo levando em conta que existam esses casos de dificuldades, acreditamos que uma legenda de boa qualidade, sem resumir idéias, incentiva a aquisição da língua de uma maneira mais completa, desafiando o deficiente auditivo a se superar e a superar as barreiras de comunicação. E esse tipo de legenda será útil também para as pessoas que por outras razões necessitam ver filmes legendados.

Em obras de ficção

O que deve ser colocado nas legendas além das conversas?

Transcrever todo e qualquer som? Por exemplo colocar notinhas musicais ou escrever música alegre, triste, animada, ritmada, batucada, coral...

Se aparece um leão rugindo, deve-se legendar "rugido de leão" ou isso é redundância?
Se vemos uma ambulância ou carro de bombeiros com sirena tocando, deve-se colocar "sirena de ambulância"? Se aparece um raio e depois o trovão colocamos ou não "ruído de trovão"?

Legendar absolutamente todos os sons não vai criar uma sobrecarga de texto atrapalhando mais do que informando?

Acho que o bom senso e o conhecimento da narrativa cinematográfica devem conduzir o processo de legendagem.

Se o som "off" é importante para a narrativa deve ser indicado:
Num filme de terror, uma família ouve lobos uivando e se assusta. Se os lobos não aparecem e somente o som indica sua presença é óbvio que isso deve ser indicado nas legendas.

Se o personagem ouve uma música que traz lembranças, se o par romântico ouve a "sua música", se o motor do avião "falha"...esse ruídos não são enfeites, fazem parte da história, são necessários à compreensão da trama.

Outro tema que gera polêmica: muitos acham que no caso do filme estrangeiro a tradução legendada deve ser literal, o que não é viável. Existem expressões idiomáticas que devem ser adaptadas, o tradutor deve conhecer muito bem os idiomas com os quais está trabalhando, o estilo do filme, etc.
Há questões técnicas como a quantidade ideal de caracteres que se for ultrapassada torna a leitura impossível.

E ainda questões de estilo: um cineasta valoriza a literatura e faz seus personagem citarem poemas, a tradução deve seguir essa lógica; outro apresenta personagens que falam gírias muito específicas e assim por diante.
Traduzir um filme é um trabalho criativo, de pesquisa que não pode ser feito por qualquer tradutor automático, não por enquanto.

Filmes e vídeos didáticos e científicos

Nesses casos o mais importante é a informação, então parece que o melhor é sintetizar o menos possível, se forem citados termos ou conceitos científicos devem ser escritos corretamente assim como o nome de autores e obras.
Vale até para maior clareza intercalar painéis informativos, mais ou menos como aquelas legendas de filmes mudos...

Outra coisa que mais atrapalha do que informa é a sobreposição da fala traduzida à fala original. Nesse caso a legenda é muito útil até para quem ouve bem.

Tenho visto filmes ou vídeos preparados para aprender idiomas estrangeiros onde a legenda reproduz fielmente cada palavra dita, nesse caso não há tradução, há transcrição para a mesma língua.

São todas situações que devem ser estudadas e levadas em conta ao se preparar legendas de um modo geral.

O que foi dito acima vale apenas para a legendagem feita antes da exibição e não para o processo feito no momento da transmissão que geralmente aparece como closed caption ou legenda oculta.
No caso de transmissão ao vivo, telejornais, entrevistas, etc os recursos de estenotipia ou programas de reconhecimento de voz geram legendas que têm características específicas, objeto de outras indagações.

Lamentavelmente algumas pessoas defendem a dublagem em lugar da legendagem usando o argumento do analfabetismo de uma parte da população.
Não seria melhor investir na alfabetização dessas pessoas? Usando para isso exatamente os recursos audiovisuais e a TV?

4 comentários:

Drauzio Junior disse...

Sônia:
Excelente texto!
Abraço.
Drauzio Jr.

Lak disse...

Muito bom seu texto, Sô...
E se realmente acreditam que parte da população não sabe ler, então dêem as duas opções. Um desmérito com quem sabe, só oferecer a opção para analfabetos!
Beijos

Anônimo disse...

Nossa Parabéns pelo texto, maravilhoso.Greize

soramires disse...

Obrigada Greize.

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