Recebemos cópia da seguinte mensagem a respeito do Manifesto dos Surdos Usuários da Língua Portuguesa:
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/3657
http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/3657
Dirigida ao Professor Teófilo Galvão Filho e a vários destinatários:
Obrigada por compartilhar o manifesto. Vou assinar porque comungo com eles a necessidade de reconhecimento da diversidade com compõe o universo da pessoa surda/com deficiência auditiva.
Aproveito para compartilhar um texto que escrevi em 2009, para o capítulo "Acessibilidade na Comunicação" no livro: Atores da Inclusão na Universidade. Ele está focado na escola, porém, denota a forma como nos aprisionamos ou cristalizamos determinadas "identidades".
Comunicação com a pessoa surda: um universo diverso
“Não há uma única identidade na qual repercute a surdez. O respeito às diferentes maneiras de ser surdo que a escola deve potencializar baseia-se no conhecimento das características comuns e das específicas de cada uma delas.” (SILVESTRE, 2007, p.165).
Quando nos reportamos à acessibilidade na comunicação de pessoas surdas é necessário termos em mente que esse coletivo é extremamente diverso, e que, muitas vezes, na nossa formação ou nas informações que temos sobre esse universo, tentamos reduzi-lo.
Devemos levar em consideração que existem várias formas da pessoa surda interagir (há pessoas surdas que utilizam a Língua de Sinais como primeira língua; há os que têm a Língua Portuguesa como primeira língua –são denominados oralizados – e aprenderam a língua de Sinais enquanto adultos;os surdos bilíngües; os que não são oralizados e não conhecem a Língua de Sinais e ainda utilizam gestos criados no seu entorno familiar, etc.)
Portanto, para pensarmos em uma universidade ou qualquer ambiente escolar inclusivo, devemos partir dessa multiplicidade e entender quais são as características das pessoas com surdez às quais tentamos nos comunicar e/ou prover o acesso às informações. Ao enveredarmos por uma educação que contemple a diferença como ponto de partida, vamos imprimindo na escola inclusiva amplas possibilidades de comunicação, seja com surdos que se comunicam através da Língua de Sinais ou não. Pois em consonância com Silvestre (2007), entendemos que o posicionamento dessa vertente não consolida essa divisão entre surdos/ouvintes, pois entende que os alunos de forma geral apresentam uma diversidade, que não apenas deriva da surdez, mas de outros fatores (diferenças de origem social, cultural, étnica, dificuldades de conduta, visual etc).
Quando nos fechamos em di-visões, caímos numa cilada que nos aprisiona em um dos lados e dificulta nossa percepção e nossa
ação em direção a uma escola que atenda a todos. Se, por exemplo, nós nos ativermos que a identidade da pessoa surda se compõe a partir da Língua de Sinais, estaríamos excluindo todas as outras pessoas com surdez que não utilizam a Língua de Sinais ou que a utilizam em situações específicas.
Na compreensão de Santana (2007), o que forma a identidade da pessoa surda não é necessariamente a Língua de Sinais e sim a presença de uma língua que possibilite a constituição da pessoa como sujeito “falante”, ou seja à constituição de sua própria subjetividade pela linguagem e às implicações dessa constituição nas suas relações sociais.
Entendemos que a inclusão requer mais que estratégias específicas para a comunicação em determinada língua; requer comunicação
constante com os conhecimentos que trazemos da nossa formação acadêmica e continuada; requer questionarmos sobre as formas
lineares que os conhecimentos nos foram trazidos e requer uma interação constante com os nossos pares, que a nosso ver são os que
fazem parte do contexto que estamos inseridos (sejam alunos surdos ou ouvintes, cegos ou videntes, professores, familiares etc).
Portanto, pensar em um escola inclusiva requer que desatemos os nós que nos prendem a uma única visão de sujeito, para que possamos encarnar os acontecimentos e vê-los a partir de outros pontos de vista que não estejam enraizados nas nossas velhas concepções.
Lilia Barreto
Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva - CNRTA
Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer
Aproveito para compartilhar um texto que escrevi em 2009, para o capítulo "Acessibilidade na Comunicação" no livro: Atores da Inclusão na Universidade. Ele está focado na escola, porém, denota a forma como nos aprisionamos ou cristalizamos determinadas "identidades".
Comunicação com a pessoa surda: um universo diverso
“Não há uma única identidade na qual repercute a surdez. O respeito às diferentes maneiras de ser surdo que a escola deve potencializar baseia-se no conhecimento das características comuns e das específicas de cada uma delas.” (SILVESTRE, 2007, p.165).
Quando nos reportamos à acessibilidade na comunicação de pessoas surdas é necessário termos em mente que esse coletivo é extremamente diverso, e que, muitas vezes, na nossa formação ou nas informações que temos sobre esse universo, tentamos reduzi-lo.
Devemos levar em consideração que existem várias formas da pessoa surda interagir (há pessoas surdas que utilizam a Língua de Sinais como primeira língua; há os que têm a Língua Portuguesa como primeira língua –são denominados oralizados – e aprenderam a língua de Sinais enquanto adultos;os surdos bilíngües; os que não são oralizados e não conhecem a Língua de Sinais e ainda utilizam gestos criados no seu entorno familiar, etc.)
Portanto, para pensarmos em uma universidade ou qualquer ambiente escolar inclusivo, devemos partir dessa multiplicidade e entender quais são as características das pessoas com surdez às quais tentamos nos comunicar e/ou prover o acesso às informações. Ao enveredarmos por uma educação que contemple a diferença como ponto de partida, vamos imprimindo na escola inclusiva amplas possibilidades de comunicação, seja com surdos que se comunicam através da Língua de Sinais ou não. Pois em consonância com Silvestre (2007), entendemos que o posicionamento dessa vertente não consolida essa divisão entre surdos/ouvintes, pois entende que os alunos de forma geral apresentam uma diversidade, que não apenas deriva da surdez, mas de outros fatores (diferenças de origem social, cultural, étnica, dificuldades de conduta, visual etc).
Quando nos fechamos em di-visões, caímos numa cilada que nos aprisiona em um dos lados e dificulta nossa percepção e nossa
ação em direção a uma escola que atenda a todos. Se, por exemplo, nós nos ativermos que a identidade da pessoa surda se compõe a partir da Língua de Sinais, estaríamos excluindo todas as outras pessoas com surdez que não utilizam a Língua de Sinais ou que a utilizam em situações específicas.
Na compreensão de Santana (2007), o que forma a identidade da pessoa surda não é necessariamente a Língua de Sinais e sim a presença de uma língua que possibilite a constituição da pessoa como sujeito “falante”, ou seja à constituição de sua própria subjetividade pela linguagem e às implicações dessa constituição nas suas relações sociais.
Entendemos que a inclusão requer mais que estratégias específicas para a comunicação em determinada língua; requer comunicação
constante com os conhecimentos que trazemos da nossa formação acadêmica e continuada; requer questionarmos sobre as formas
lineares que os conhecimentos nos foram trazidos e requer uma interação constante com os nossos pares, que a nosso ver são os que
fazem parte do contexto que estamos inseridos (sejam alunos surdos ou ouvintes, cegos ou videntes, professores, familiares etc).
Portanto, pensar em um escola inclusiva requer que desatemos os nós que nos prendem a uma única visão de sujeito, para que possamos encarnar os acontecimentos e vê-los a partir de outros pontos de vista que não estejam enraizados nas nossas velhas concepções.
Lilia Barreto
Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva - CNRTA
Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer
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